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As inconfidências de Omar Aziz na CPI da Pandemia

Em conversa reservada com assessores, senador falou sobre apoiadores bolsonaristas e supostas desavenças amorosas de Bolsonaro

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 out 2021, 09h33 - Publicado em 24 out 2021, 11h40
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  • A terça-feira 22 de junho foi especial para o presidente da CPI da Pandemia Omar Aziz. O servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, que havia sido ouvido sigilosamente pelo Ministério Público e contado que alertara o presidente Jair Bolsonaro sobre irregularidades na compra da vacina Covaxin, concordou em depor publicamente no Senado. Sua oitiva diante da comissão de inquérito, agendada para três dias depois, em 25 de junho, seria uma hecatombe para o governo, convenceu-se Aziz. Para o senador, as revelações dos dois irmãos serviriam para ele se vingar do presidente, que o criticava frequentemente nas transmissões semanais que faz pela internet, e acabar com o discurso de Jair Bolsonaro de que em seu governo não havia corrupção.

    “Esse governo não se aguenta. O governo vai desmoronar, pegamos o governo. Todo o resto vai virar titica de galinha. Virou uma questão: ou eu ou ele”, comemorou o parlamentar em uma reunião com assessores.

    Na conversa, além de comemorar o poder de fogo do depoimento dos irmãos Miranda, o senador fez piada com a vida amorosa do presidente Bolsonaro, atacou personalidades bolsonaristas, como o apresentador de TV Sikêra Jr, e ironizou o governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro, que, segundo o parlamentar, estava com medo de ser chamado a comparecer na CPI.

    “Impeachment não [será possível mesmo após o depoimento dos irmãos Miranda], mas a gente tira o discurso dele. Ele só tem esse discurso hoje. Hoje o governador do Rio foi lá e eu disse ‘olha, eu não vou te convocar porque você não serve pra nada’. Eu disse assim na cara dele. ‘Não serve pra nada, pô. Não te preocupe’. Tem que conversar é com o Witzel, o Witzel é que disse que a saúde do Rio de Janeiro tem dono. Nós vamos atrás do dono. Ele tem o nome das empresas e nós vamos quebrar [os sigilos] e vai saber, pô”, afirmou.

    De fato a CPI se debruçou sobre a suposta influência do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) em hospitais federais do Rio a partir de informações que, conforme mostrou VEJA, seriam repassadas pelo ex-governador fluminense, mas pouco avançou. “Embora não tenha sido possível a esta comissão parlamentar de inquérito concluir as investigações relativas às denúncias do ex-Governador Wilson Witzel, as diversas informações requeridas aos hospitais públicos do Rio e as quebras de sigilo de diversos dirigentes, empresas prestadoras de serviço e OSS obtidas por esta comissão são fundamentais para a continuidade dos trabalhos por parte do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Ministério Público Federal (MPF)”, diz trecho do relatório final apresentado na última quarta-feira, 20.

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    Na reunião, Aziz também discutiu com auxiliares usar o microfone da comissão para mandar recados cifrados a Bolsonaro – todos abaixo da linha da cintura. A ideia era insinuar desavenças na vida amorosa do desafeto e expor, sem citar nomes, casos envolvendo as ex-esposas do presidente. O senador se mostrou à vontade para detalhar, por exemplo, como um conhecido ex-jogador de futebol teria se aproximado de uma das ex de Bolsonaro. A história, se levada a público, também tinha por objetivo alvejar um segundo destinatário, o senador Flávio Bolsonaro, que aparecia esporadicamente na CPI para defender a atuação do governo na pandemia. As provocações, felizmente, ficaram na coxia.

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