Após bomba falsa, Câmara restringe acesso à audiência sobre agrotóxicos
Comissão Especial analisa projeto de lei que flexibiliza a fiscalização de agrotóxicos no país
A Comissão Especial da Câmara dos Deputados que analisa o projeto de lei (PL) 6299/2002, que flexibiliza a fiscalização de agrotóxicos no país, decidiu restringir o acesso de pessoas à audiência pública. Segundo oficiais da Polícia Legislativa que faziam o controle de acesso à reunião, a decisão partiu de membros da bancada parlamentar que integram a comissão.
Na semana passada, uma mala com um artefato que simulava uma bomba foi levada à sala durante a sessão. O Greenpeace justificou que se tratava apenas de uma ação para chamar a atenção para as discussões do tema. A Comissão pediu investigação para saber como o artefato chegou à audiência.
Um jornalista do jornal O Estado de S. Paulo foi impedido de acompanhar a discussão do relatório, sob o argumento de que possuía apenas a credencial do Senado, e não da Câmara. Pelo regimento da Casa, porém, a credencial do Senado permite o livre acesso da imprensa a qualquer audiência pública realizada nas dependências da Câmara.
Um agente da Polícia Legislativa também revistou a bolsa de cada pessoa que entrava na sala, retirando pertences. O projeto de lei, defendido pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e pelo Ministério da Agricultura, tem sido alvo de críticas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ibama e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de organizações ambientais.
O principal argumento é o de que a proposta retira poder do Ibama e do Ministério da Saúde nos registros de produtos, concentrando boa parte das decisões no Ministério da Agricultura. Além disso, os ambientalistas acusam o PL de autorizar entrada de substâncias no Brasil que já foram banidas de outros países.
Procurada, a assessoria de comunicação da Câmara informou que não havia informação sobre bloqueio de acesso.
(com Estadão Conteúdo)