A Executiva Nacional do PSB destituiu o diretório do partido em Minas Gerais. O presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira, determinou destituição do antigo presidente estadual em Minas, João Marcos Grossi Lobo, e sua diretoria na noite de quinta-feira (2) após o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda, pré-candidato ao governo do Estado pelo PSB, ter afirmado que desafiará a direção nacional e manterá a sua postulação para as eleições 2018.
Renê Vilela foi nomeado nesta sexta-feira (3) presidente interino do diretório pessebista em Minas, juntamente com uma nova diretoria provisória. Segundo Vilela, a direção anterior deixou de priorizar a eleição de uma bancada de deputados federais e estaduais — e vinha dando mais atenção à pré-candidatura de Lacerda. “A forma como a pré-campanha vinha sendo tomada não estava respeitando as prioridades nacionais”, afirmou Vilela, que é muito próximo do deputado federal Júlio Delgado (PSB), considerado um opositor interno de Lacerda.
Outro motivo apontado pelo novo presidente foi a possibilidade de uma coligação entre MDB e PSB. Na quinta, o ex-prefeito de BH confirmou que havia um entendimento entre os dois partidos para a formação de uma chapa majoritária. “Não faria sentido atuarmos para a reeleição de uma bancada que está contra o PSB em nível nacional”, afirmou Vilela. O novo dirigente também declarou que o MDB na coligação dificultaria a eleição de uma bancada legislativa do PSB.
Na última quarta, um acordo em nível nacional entre PT e PSB fez com que os pessebistas retirassem a candidatura de Lacerda para apoiar a tentativa de reeleição do governador Fernando Pimentel (PT), enquanto em Pernambuco, Marília Arraes (PT) foi rifada para o PT apoiar a candidatura de Paulo Câmara (PSB). No entanto, Lacerda e Arraes afirmaram que vão procurar manter suas candidaturas e cogitam judicializar a questão.
“Não há nenhuma obrigatoriedade de apoio ao Partidos dos Trabalhadores. Temos total autonomia para definir o melhor caminho para alcançar nossos objetivos”, afirmou o novo dirigente do PSB-MG. A legenda no estado tem conversas com PCdoB, Democracia Cristã, que estão no campo de apoio a Pimentel, além de Avante, Patriotas – que já declararam apoio ao pré-candidato Rodrigo Pacheco (DEM) – e PV, partido que está próximo de fechar coligação com o MDB.
O ex-presidente do PSB-MG João Marcos Grossi Lobo disse que não tem nenhum ressentimento com a decisão e preferiu não comentar as declarações de Vilela. Marcio Lacerda afirmou que só dará alguma declaração sobre a dissolução da diretoria em Minas após conversar com advogados. A convenção do PSB em Minas Gerais está marcada para a manhã deste sábado.
Farpas
Nesta quinta-feira, Lacerda e o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, trocaram acusações. Siqueira deu uma entrevista ao jornal Estado de Minas qualificando a candidatura de Lacerda como “faz-de-conta”, afirmando que a postulação “não existirá”. “Ele [Lacerda] chegou a comunicar à direção nacional que não seria candidato a nenhum cargo eletivo”, afirmou Renê Vilela.
Em nota, Lacerda declarou que não houve nenhum acordo para “manter candidatura de aparências” e que manteve a agenda como pré-candidato após se encontrar com Siqueira, em abril. “Na última semana, inclusive, em conversa telefônica com Carlos Siqueira, consegui dele a garantia de apoio financeiro do partido à nossa campanha. Jamais seria capaz de fazer tantos movimentos que não fossem ‘pra valer'”, afirmou o ex-prefeito de Belo Horizonte.