Apesar de o Diretório Nacional do PT ter definido que as alianças estaduais devem ser pautadas pelas prioridades nacionais do partido, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou nesta terça-feira, 12, que a sua chapa à reeleição “vai levar em conta muito mais o cenário estadual do que o nacional”. No centro da controvérsia está a segunda vaga para a disputa ao Senado.
Pré-candidata à reeleição, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) pretende disputar um novo mandato na chapa de Costa, em dobradinha com o ex-governador e ex-ministro Jaques Wagner (PT). Aliada histórica do PT no Senado e na Bahia, ela conta com o apoio integral da presidente petista, a senadora Gleisi Hoffmann (PR), para obter o seu pleito. Um almoço com o governador para discutir o tema vem sendo sucessivamente adiado.
A aliança ainda cairia como uma luva na estratégia da direção do partido de aproximar o PSB da candidatura da legenda ao Planalto, que até agora o PT reitera que será do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso e condenado na Operação Lava Jato.
O problema é que, para os planos locais de Rui, o apoio a um outro nome, do presidente da Assembleia Legislativa Ângelo Coronel (PSD), amarraria em sua coligação um apoio importante no estado, o do atual senador Otto Alencar (PSD-BA). No plano nacional, o PSD caminha para apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência.
Um exemplo da prioridade dada pelo PT ao PSB foi o adiamento decidido por Gleisi do encontro estadual petista em Pernambuco. Existia o temor que o diretório local acabasse confirmando a pré-candidatura da vereadora Marília Arraes (PT) ao governo do estado. Uma das exigências dos socialistas para encaminhar uma aliança é um apoio do PT à reeleição do atual governador pernambucano, Paulo Câmara (PSB).
Desde que o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, filiado ao PSB, desistiu de ser candidato à Presidência, o partido passou a ser assediado por diversos candidatos. Em entrevista nesta semana, o presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, afirmou que as conversas mais adiantadas são com o PDT, do pré-candidato Ciro Gomes, e com o PT, mas que o PSB vai cobrar ativamente que qualquer apoio seja compensado nos estados prioritários para os socialistas.
Uma outra estratégia dos dois partidos está sendo oferecer a vaga de candidato a vice-presidente para o partido, sendo o ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB) o mais cotado. Para o PT, o nome de Lacerda seria particularmente interessante, porque o ex-prefeito sairia da disputa pelo Governo de Minas Gerais, eleição na qual os petistas trabalham pela recondução do atual governador, Fernando Pimentel (PT).
“Não vamos esperar até lá”
Nesta terça, o governador justificou que o cenário nacional ainda está muito indefinido e não há nenhuma previsão de nos próximos 30 dias ter uma definição. “O cenário nacional pode se mexer para um lado ou para o outro a partir de julho, após a Copa, e nós não vamos esperar até lá”, disse.
O anúncio oficial da formação da chapa, antes marcado para sexta-feira, dia 15, pode ser adiado para a próxima semana. O objetivo, dizem interlocutores do governo, é diluir o desgaste da exclusão do PSB em meio à repercussão dos festejos juninos.
Mas a posição pode não ser tão fácil. No final de semana, em entrevista ao Jornal do Brasil, afirmou que “se for necessário”, a direção do partido terá “mais ênfase ainda em defender” a reeleição da senadora do PSB. “Seria o momento de retribuir à Lídice todo o apoio que ela nos deu”, disse a presidente do PT.
Nesta terça, a assessoria da senadora paranaense enviou nota afirmando que “o esforço do PT é fazer aliança nacional e alianças estaduais com a centro-esquerda, especialmente com o PSB, onde isso for possível, respeitando a realidade política de cada estado”. A assessoria de Lídice afirmou que ela não iria se pronunciar.
(Com Estadão Conteúdo)