Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, chegou por volta das 13h40 à carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba, base da Operação Lava Jato. Ele foi preso às 6 horas da manhã desta quinta-feira em Sorocaba, no interior de São Paulo, na 42ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Cobra. Ele é suspeito de ter recebido 3 milhões de reais em propinas da empreiteira Odebrecht.
Bendine viajou de carro até Curitiba, escoltado por agentes da PF. A distância percorrida pelo comboio foi de aproximadamente 360 quilômetros. Ele ficará em uma cela da PF por ao menos cinco dias – prazo da prisão temporária decretada pelo juiz federal Sergio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância.
Condomínio de luxo
Bendine ainda dormia quando a PF chegou à casa em que ele mora com a família, num condomínio de luxo localizado na zona sul de Sorocaba. Ele foi acordado pelos policiais e levado para a sede da PF na cidade, a quatro quilômetros do condomínio, na Rodovia Raposo Tavares.
Pouco antes das 9h, policiais federais ainda faziam buscas na casa. Foram apreendidos computadores e documentos. Bendine é natural de Paraguaçu Paulista, no oeste do estado, mas passou a morar em Sorocaba com a esposa Silvana para acompanhar o estudo das suas filhas. Uma das jovens cursa medicina na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Sorocaba). A outra formou-se em direito, em 2013, pela Universidade de Sorocaba (Uniso).
Antes, Bendine morou por mais de dez anos em Conchas, cidade com 17 mil habitantes, na região do Médio-Tietê, onde iniciou carreira no Banco do Brasil. Foi nessa cidade que se casou com Silvana, em 1988. Em Sorocaba, o executivo levava uma vida discreta. Quando ainda era presidente da Petrobras, costumava frequentar com a família um restaurante especializado em comida portuguesa, acompanhado sempre por seguranças.
Acusações
As investigações que levaram Bendine para a cadeira partiram das delações premiadas de Marcelo Odebrecht e de Fernando Ayres, ex-executivos do grupo Odebrecht, e se basearam em trocas de mensagem e em ao menos duas reuniões. Na primeira, ainda à frente do Banco do Brasil, Bendine teria solicitado 17 milhões de reais aos executivos, em troca de benefícios em um empréstimo da Operação Agroindustrial. Ele não teve o pedido atendido.
Já em 2015, às vésperas de assumir o comando da Petrobras e já no segundo ano de atividade da Operação Lava Jato, Bendine teria reiterado o pedido, reduzindo-o para 3 milhões de reais. A promessa, segundo os executivos, era beneficiar a Odebrecht na petroleira num momento em que as investigações se aproximavam da empresa. O valor foi pago em três parcelas de 1 milhão de reais, no apartamento do operador Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior.
Também foi preso nesta fase da Lava Jato o operador André Gustavo Vieira, que declarou os valores recebidos como serviços de consultoria empresarial prestado para a Odebrecht. Segundo o informado à Receita Federal, Vieira recebeu 3 milhões de reais entre março e abril deste ano, referentes a um contrato anterior de 17 milhões de reais — justamente as quantias solicitadas por Bendine e seus operadores, segundo os delatores.
(Com Estadão Conteúdo)