O advogado Luiz Gustavo Delgado, que representa Walter Delgatti Neto, o “Vermelho”, preso na Operação Spoofing, afirmou que ele tem problemas psiquiátricos. Nesta quarta-feira, 24, o defensor levou comida, um combertor e remédios de uso controlado para seu cliente, detido na Superintedência da Polícia Federal em Brasília.
Segundo o advogado, “Vermelho” prestou depoimento na terça-feira acompanhando por um defensor público. “Conversei com ele. Ele tem problemas psiquiátricos. Está atordoado”. O rapaz é apontado pelos investigadores como o cabeça por trás das invasões ao celular do ministro Sergio Moro (Justiça).
Delgatti recebu o apelido por causa do cabelo e barba ruivos. É conhecido em delegacias do interior de São Paulo como um “golpista profissional” – morava atualmente em Ribeirão Preto, mas sua família residia em Araraquara. Na Justiça de São Paulo, ele é alvo de processos por falsificação de documento e furto e estelionato. Em 2018, foi condenado a 2 anos de prisão em regime semiaberto por ter falsificado uma carteirinha da USP, onde alegava estudar medicina.
Conhecidos de Araraquara dizem que ele gostava de se gabar dos seus feitos. Isso fica claro nos autos das ações às quais respondeu na Justiça. Autoridades policiais registraram que ele dizia ser uma “pessoa influente” na cidade que tinha “amigos” juízes, promotores e políticos, e que se apresentava como um “investidor” com “conta na Suíça”.
Delgatti reativou a sua conta no Twitter no mesmo período em que começaram os vazamentos das mensagens pelo site The Intercept Brasil, no início de junho. A partir daí, passou a compartilhar diariamente críticas à Lava Jato e ao governo Bolsonaro, em especial ao ministro da Justiça, Sergio Moro. Delgatti também se mostrava um apaixonado por armas e era filiado ao DEM desde 2007.
Preso em Araraquara, interior de São Paulo, nesta terça-feira, 23, “Vermelho” confessou à Polícia Federal que hackeou o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), o procurador Deltan Dallagnol (coordenador da Operação Lava Jato no Paraná) e centenas de procuradores, juízes e delegados federais, além de jornalistas.
Desde junho, Moro é alvo divulgação de diálogos entre ele o procurador Deltan Dallagnol, pelo site The Intercept Brasil. O ministro nega conluio com o procurador quando ele era juiz da Operação Lava Jato — ambos afirmam não reconhecer a autenticidade das conversas.
O site afirma que recebeu o material de uma fonte anônima. “Nada muda as impropriedades de Moro e Deltan. Nossa resposta para todas essas fofocas e distrações hoje será simples: mais reportagens desse arquivo, em conjunto com nossos parceiros e com novos. As ações de Moro e Deltan foram obscurecidas hoje; não será para sempre”, escreveu o diretor do site, o jornalista Glenn Greenwald.
(com Estadão Conteúdo)