Ainda que sem expressão no Congresso, com apenas quatro parlamentares, o nanico PROS protagonizou um novo episódio que mostra que, quando o assunto é confusão com dinheiro público, o partido é um gigante. A legenda gastou quase 5 milhões de reais com o pagamento de salário de nada menos que nove parentes do ex-presidente da sigla, Eurípedes Junior, entre os anos de 2018 e 2022.
O dinheiro usado para bancar a família do ex-cacique era proveniente do fundo partidário – recursos públicos que são transferidos anualmente às agremiações.
Junior foi obrigado a deixar o comando do PROS no mês passado, depois de uma decisão judicial que determinou a posse de seu adversário interno, Marcus Holanda. O ex-dirigente foi acusado justamente de fazer mau uso das verbas dos fundos partidário e eleitoral. Policial civil aposentado, Holanda está à frente da legenda desde 8 de março.
Ao longo de quatro anos, o PROS destinou dinheiro público para financiar boa parte da família de Junior. Pagou salário para a mãe do ex-dirigente, primos, mulheres deles e até dos filhos desses parentes. Segundo documentos da contabilidade do partido, Junior era quem detinha o maior contracheque: 38.500 reais mensais.
Primo do antigo comandante da sigla, Alessandro Silva possui o segundo maior salário, de 16.500 reais – assim como Cíntia Lourenço, mulher de Silva. Casada com outro primo do ex-cacique, Andréa Envall faturou 7.950 reais por mês durante quatro anos. Já seu marido, Javan Lopes Junior, outro empregado no PROS, recebeu 5.000 reais mensais no mesmo período. Mãe de Junior, Maria Aparecida da Silva tinha vencimentos de 5.500 reais.
Outros três parentes tinham salários bancados pelo PROS. Filha de Silva, Andressa Lourenço, possui contracheque de 4.200 reais; filha de Andrea Envall, Gabriela Envall, recebe mensalmente 3.500 reais; e Lourrane Ketlin, sobrinha de Junior, 1.500 reais. Um primo de sua mulher, apresentado nas planilhas apenas como Vitor Hugo, era outro agraciado, com recebimentos de 2.000 reais mensais.
Os parentes do ex-cacique compunham um grupo de 70 funcionários demitidos assim que Holanda assumiu a direção do partido. O novo dirigente sustenta que todos eram fantasmas, ou seja, recebiam salário, mesmo sem trabalhar.
O ex-cacique do PROS possui integrantes da família empregados em outros órgãos públicos. Uma de suas filhas, Giovanna Yule Lima de Macedo ocupa um cargo comissionado na Câmara dos Deputados e fatura mensalmente quase 14.000 reais, pagos com dinheiro público. Desde 2020, Giovanna atua no gabinete do deputado federal Vaidon Oliveira (PROS-CE).
A mulher de Junior, Ariele de Oliveira Coimbra Macedo, trabalhou até o mês passado na liderança do PROS no Senado. Lá, ocupava um cargo em comissão que lhe rendia salário de quase 23.000 reais mensais. Em nota, Junior afirma que sua mãe e Alessandro Silva recebiam remuneração por terem sido eleitos para cargos de direção da legenda. O antigo dirigente partidário nega ainda ter sido responsável pelas nomeações de parentes em outros órgãos. Aproveita ainda para acusar Holanda, atual presidente do PROS, de também ter familiares lotados na liderança do partido no Senado.