A cidade de Xangai, principal centro econômico da China, anunciou nesta terça-feira, 31, um alívio nas restrições contra a Covid-19 após um bloqueio total de dois meses. A medida entrou em vigor à meia-noite, horário local, permitindo que a maioria dos mais de 25 milhões de moradores pudessem transitar livremente pela cidade.
No entanto, a política de “Covid zero” segue funcionando e aqueles que forem infectados pelo coronavírus continuam obrigados a fazer quarentena nos hospitais. Além disso, estima-se que pelo menos 650.000 pessoas permanecerão confinadas em suas casas, ainda não liberadas sob o novo alívio de restrições.
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“Este é um dia com o qual sonhamos há muito tempo. Todo mundo se sacrificou muito. Este dia foi duramente conquistado e precisamos apreciá-lo e protegê-lo, e receber de volta a Xangai com a qual estamos familiarizados e sentimos falta”, disse a porta-voz do governo, Yin Xin, a repórteres.
O lockdown total, que durou dois meses, prejudicou diretamente a vida dos moradores com a perda de renda, a dificuldade para encontrar comida, além do desgaste mental com o isolamento prolongado.
Algumas fabricantes instaladas na cidade, como a Tesla e a Volkswagen, foram particularmente impactados pelo bloqueio, uma vez que seus funcionários estiveram impossibilitados de se dirigir à fábrica. Algumas delas, inclusive, chegaram a adotar o modelo de “ciclo fechado”, em que os trabalhadores moravam dentro dos polos industriais.
Já na próxima quarta, o serviço básico de transporte público será retomado e as lojas serão abertas com 75% da capacidade permitida. No entanto, áreas de lazer como cinemas, museus e academias irão permanecer fechadas e a maioria das crianças não irá retornar ao ensino presencial.
Como parte das novas regras, todos os moradores serão obrigados a mostrar um código verde de saúde disponível em seus smartphones para deixar seus complexos ou edifícios residenciais e acessar a maioria dos lugares, será obrigatório um teste negativo válido nas últimas 72 horas para acessar bancos, shoppings e transporte público, além da obrigatoriedade de quarentena de 7 a 14 dias para aqueles que vierem de outras cidades.
Para recuperar a economia, foi elaborado um plano de 50 pontos, entre eles a redução de alguns impostos para os compradores de carros, agilização da emissão de títulos do governo local e aprovação de projetos de construção.
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Os casos na China começaram a aumentar em março, logo se transformando na pior crise sanitária que o país viu desde o surto inicial em Wuhan, no início de 2020. Ao longo da pandemia, a China manteve uma estratégia de “Covid zero”, aplicando testes em massa, quarentenas e fechamento de fronteiras para conter o vírus. Mas a chegada da variante Ômicron, altamente infecciosa, fez o país mais populoso do mundo retornar à situação de calamidade, com o vírus se espalhando novamente por diferentes cidades e províncias.
O bloqueio total de Xangai causou uma série de problemas econômicos em vários setores e aumentou os temores de que a economia nacional possa encolher no segundo trimestre.
Dados divulgados no início de maio mostram que a produção industrial e as vendas no varejo da China caíram em abril no ritmo mais rápido em mais de dois anos, abaixo das expectativas. A companhia aérea China Eastern Airlines, com sede na cidade, disse que o número de passageiros caiu 90,7% em abril em relação ao ano anterior.