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Wuhan celebra fim do isolamento que durou mais de dois meses

Enquanto a China volta à normalidade aos poucos, Covid-19 não da trégua na Europa e nos Estados Unidos

Por Da Redação
Atualizado em 8 abr 2020, 09h56 - Publicado em 8 abr 2020, 09h43
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  • Milhares de chineses comemoraram com euforia, nesta quarta-feira, 8, o fim de mais de dois meses de confinamento em Wuhan, berço da pandemia de Covid-19, que não cede nos Estados Unidos e na Europa.

    Em meio ao aterrador avanço do novo coronavírus, o mundo viu uma luz de esperança com as imagens de milhares de passageiros nas rodoviárias e estações de trem, alguns deles com roupas de proteção completa, em Wuhan, capital do província de Hubei, centro da China.

    A China interditou a cidade central de 11 milhões de habitantes em 23 de janeiro, uma medida drástica que passou a simbolizar sua abordagem agressiva diante do vírus. Mais de 50.000 pessoas foram infectadas em Wuhan e mais de 2.500 delas morreram, cerca de 80% de todas as mortes do país, de acordo com dados oficiais.

    Desde então o vírus se espalhou pelo mundo, contaminando mais de 1,4 milhão de pessoas, matando 82.000 delas e causando estragos na economia global, enquanto governos impunham isolamentos para conter sua disseminação. Embora a China tenha conseguido refrear sua epidemia de coronavírus, as medidas para contê-lo cobraram um preço econômico e social alto – nos últimos dias muitos moradores expressaram alívio, mas também incerteza e receio do risco persistente de infecções.

    “Me levantei às quatro hoje. Me sinto muito bem!”, comentou Hao Mei, de 39 anos e natural de Enshi, uma cidade 450 quilômetros a oeste de Wuhan, antes de embarcar em um trem para reencontrar seus dois filhos. Por ter ficado presa em Wuhan no final de janeiro, ela teve de deixar os dois sozinhos por mais de dois meses.

    Wuhan está voltando à normalidade aos poucos, já que as pessoas têm permissão de entrar desde 28 de março, mas as restrições permanecem. Os moradores foram orientados a não deixar Wuhan ou a província de Hubei, ou até mesmo seu bairro, a menos que seja absolutamente necessário.

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    Shoppings centers e o maior setor de compras da cidade, a rua Chu River e Han, reabriram em 30 de março. Filas longas, provocadas pela exigência de que as pessoas se mantenham a um metro de distância, se formaram nos supermercados, e alguns moradores aproveitaram o clima mais quente para retomar jogos de badminton ao ar livre e dançar.

    Ameaça continua

    Se a pandemia parece controlada na China, onde surgiu no final de dezembro, continua causando estragos nos Estados Unidos, que registrou um recorde mundial de quase 2.000 mortes nas últimas 24 horas, e na Europa, o continente mais afetado com quase 59.000 mortes e mais de 750.000 casos.

    Assustados por esse inimigo invisível e confinados há semanas, os europeus assistem, desamparados, ao colapso de sua economia. Nesse quadro dramático, os governos da UE ainda não conseguiram chegar a um acordo sobre um plano conjunto para lidar com a catástrofe.

    Após uma noite inteira de negociações na terça-feira em Bruxelas, os países do norte continuaram a se opor aos países do sul, que pedem um esforço financeiro sem precedentes.

    “Após 16 horas negociando, chegamos perto de um acordo, mas ainda não o alcançamos. Suspendi o Eurogrupo”, e continuaremos “amanhã, quinta-feira”, escreveu o ministro português e presidente do Eurogrupo, Mario Centeno, em sua conta no Twitter.

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    PIBs afundam

    Locomotiva econômica do continente, a Alemanha espera uma contração de quase 10% de seu Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano, algo nunca visto em sua história recente, de acordo com a projeção comum dos principais institutos econômicos divulgada nesta quarta-feira.

    Para 2020, os institutos calculam uma recessão de 4,2% para a Alemanha, número um pouco menor do que as previsões do governo, e apontam que haverá um crescimento de 5,8% em 2021.

    Na França, outra potência econômica do bloco, o PIB caiu 6% no primeiro trimestre deste ano, segundo um cálculo aproximado publicado nesta quarta-feira pelo Banco da França. Este é o pior resultado trimestral para a economia francesa desde 1945.

    Cerca de 1,25 bilhão de trabalhadores correm o risco de serem demitidos, ou de terem seus salários cortados, anunciou a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo a organização, trabalhadores em todo mundo podem perder US$ 3,4 trilhões em renda este ano, devido à pandemia.

    Rumo aos 100.000 mortos no mundo

    Nos Estados Unidos, o governo do presidente Donald Trump iniciou novas negociações com o Congresso para liberar 250 bilhões de dólares adicionais para salvar empregos em pequenas e médias empresas. Trump também ameaçou suspender o financiamento de Washington à Organização Mundial da Saúde (OMS), acusando o organismo da ONU de não lidar de forma adequada com a pandemia e de adotar uma atitude tendenciosa, a favor de Pequim.

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    O estado de Nova York registrou outro recorde de mortes por Covid-19 em 24 horas, com 731 vítimas fatais (5.489 no total), embora o número de hospitalizações pareça estar se estabilizando, conforme seu governador, o democrata Andrew Cuomo.

    O mundo está caminhando para o balanço simbólico de 100.000 mortos. A contagem, com base em dados oficiais, está, no entanto, abaixo da realidade, pois muitas pessoas morrem sem terem sido submetidas a testes e longe dos hospitais.

    Na Espanha, as más notícias retornaram nesta quarta-feira com 757 mortes por coronavírus nas últimas 24 horas, número que representa o segundo aumento diário consecutivo no país, que agora contabiliza 14.555 óbitos.

    Na terça-feira, a França anunciou 1.417 mortes em 24 horas, e o Reino Unido, 793. Ambos ainda estão longe da Itália, com 17.127 mortes, e da Espanha, mas a pandemia continua a avançar, sem trégua.

    Na Grã-Bretanha, o primeiro-ministro Boris Johnson iniciou seu terceiro dia em terapia intensiva, onde continua sua luta pessoal contra o coronavírus. Único líder de uma grande potência com Covid-19, Johnson se encontra com o quadro “estável, tranquilo e de bom humor”, relatou o secretário de Estado da Saúde, Edward Argar.

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    Apesar do aumento das mortes, o número de novas hospitalizações está diminuindo em vários países europeus, alimentando a esperança de que o pico esteja sendo atingido. “Ainda estamos na fase ascendente, embora esteja desacelerando um pouco”, disse o diretor-geral da Saúde da França, Jérôme Salomon.

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    O braço europeu da OMS considerou, porém, que, apesar de alguns “sinais positivos”, é muito cedo para reduzir as medidas de contenção. “Não é hora de relaxar as medidas. Precisamos dobrar e triplicar nossos esforços coletivos pela eliminação (do vírus) com o apoio de toda sociedade”, disse Hans Kluge, em entrevista coletiva virtual a partir de Copenhague.

    A OMS Europa convoca “todos os países” a fortalecerem suas medidas em três áreas: proteção dos profissionais da saúde, manter “as pessoas em boa saúde afastadas dos casos suspeitos e prováveis” e comunicação à população.

    Após o anúncio da Áustria e da Noruega de que suavizarão suas medidas de contenção, Portugal também espera voltar à normalidade em maio.

    Enquanto isso, o Japão decretou estado de emergência para Tóquio e para seis outras regiões do país diante da recente aceleração no número de casos de COVID-19 no território.

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    Na América Latina, ainda relativamente poupada, foram registradas cerca de 1.400 mortes em mais de 36.000 casos. Mais de um terço deles foi no Brasil, com cerca de 14.000 contaminações e quase 700 mortes.

    Na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro ordenou a hospitalização de todos os casos no país, onde foram confirmados 166 infectados e sete mortes. “É uma ordem que eu dou: temos que avançar para a hospitalização (de) 100% de todos os casos, 100%!”, frisou, em discurso transmitido pela televisão.

    As Nações Unidas distribuíram oito toneladas de suprimentos para combater a pandemia de Covid-19 na região, informou uma de suas agências.

    (Com AFP e Reuters)

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