O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizou na quarta-feira (6) à noite o primeiro jantar de sua administração que celebra o fim do Ramadã. No ano anterior, ele quebrou uma tradição que vem desde o governo de Bill Clinton, ao não receber representantes de países muçulmanos para celebrar o fim do mês sagrado.
Cerca de 50 convidados, entre membros da administração e embaixadores de países muçulmanos, participaram do “iftar”, jantar organizado anualmente pela Casa Branca. Entre os convidados estavam o vice-presidente Mike Pence, o Secretário de Tesouro, Steven Mnuchin, o genro e conselheiro de Trump, Jared Kushner, além de embaixadores da Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Kuwait, Tunísia e Iraque.
“Ao nos reunirmos esta noite, honramos uma tradição sagrada de uma das maiores religiões do mundo”, Trump falou ao abrir o jantar. Ele agradeceu à Comunidade Muçulmana e afirmou que o iftar “marca a união de familiares e amigos para celebrar a paz”. Ele ainda relembrou sua viagem à Arábia Saudita, a primeira de sua administração, como sendo um dos melhores dias de sua vida.
Do lado de fora da Casa Branca, grupos de americanos muçulmanos protestaram e realizaram seu próprio jantar no Lafayette Park. Grupos muçulmanos criticaram o jantar frente às retóricas e políticas anti-islâmicas de Trump.
Desde a campanha presidencial, Trump mantém uma relação conturbada com a minoria religiosa em seu país. A tensão aumentou quando o presidente tentou passar uma medida anti-terrorismo, barrada na Justiça, que proibia cidadãos de sete países de maioria muçulmana de entrarem nos Estados Unidos.
Segundo a emissora CNN, o primeiro jantar iftar na residência presidencial foi organizado por Thomas Jefferson, em 1805, quando recebeu o embaixador tunisiano em sua casa durante o mês sagrado. O evento voltou a acontecer por iniciativa da então primeira-dama Hillary Clinton, em 1996, quando convidou 150 pessoas para comemorar o fim do Ramadã. Desde 1999, a tradição foi mantida anualmente – sob comando de Clinton, George W. Bush e Barack Obama –, com a presença de diplomatas e líderes da comunidade muçulmana.
A decisão de não comemorar o fim do Ramadã em 2017, gerou críticas, pois o evento é esperado todos os anos pelos membros da comunidade muçulmana. O jantar aconteceu mesmo no ano seguinte aos atentados de 11 de setembro.
A Casa Branca celebra todos os anos os dias sagrados para as grandes religiões cristãs do mundo, tal como a Páscoa e o Natal. O Ramadã, mês sagrado em que muçulmanos praticam jejum durante o dia, deve terminar entre os dias 19 e 21 deste mês, a depender da posição da lua.