O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump viaja (de volta) para Washington D.C. nesta terça-feira, 26, marcando sua primeira visita à capital do país desde que deixou o cargo no ano passado.
Trump fará o discurso principal em um evento realizado pelo America First Policy Institute, um think tank conservador formado por alguns de seus ex-assessores da Casa Branca.
A cúpula se concentrará nos planos do Partido Republicano para combater a inflação e melhorar o sistema de imigração dos Estados Unidos, segundo os líderes da organização – mas é improvável que essa agenda impeça Trump de reiterar suas falsas alegações sobre as eleições de 2020, que teriam sido “fraudadas”.
A cúpula acontece menos de uma semana depois que um comitê da Câmara americana que investiga a invasão ao Capitólio de Washington, em 6 de janeiro de 2021, descreveu em audiência no horário nobre como Trump escolheu não agir diante da violência de seus apoiadores.
Segundo a investigação, Trump passou horas se recusando a intervir. Ao invés de acionar as autoridades de segurança do país, ele assistiu à cobertura televisiva do ataque, mesmo quando alguns de seus conselheiros mais próximos imploraram para que ele fizesse alguma coisa.
Espera-se que Trump se defenda das acusações do comitê em seu discurso nesta terça-feira, já que o ex-presidente continua determinado a criticar que não o apoiaram na tentativa de golpe em 2020.
No mês passado, durante uma conferência da non-profit conservadora Faith and Freedom Coalition, no Tennessee, Trump atacou novamente Mike Pence, seu ex-vice-presidente, por se recusar a interferir na certificação do Congresso da vitória de Joe Biden no fatídico 6 de janeiro.
“Mike Pence teve a chance de ser grande. Ele teve a chance de ser francamente histórico”, disse Trump. “Mas assim como [o ex-procurador-geral] Bill Barr e o resto dessas pessoas fracas, Mike – e digo isso com tristeza porque gosto dele – não teve coragem de agir.”
O comitê investigativo da Câmara mostrou como a campanha de pressão de Trump sobre Pence gerou uma situação perigosa para o político: trumpistas gritavam “Enforquem Mike Pence!” enquanto invadiam o Capitólio. De acordo com as audiências, Pence estava a apenas 12 metros da multidão em 6 de janeiro, quando foi retirado da sala do Senado devido a preocupações de segurança.
Um ex-funcionário do governo Trump disse aos investigadores que membros da equipe de segurança de Pence estavam tão preocupados com sua segurança que ligaram para familiares para se despedir, acreditando que iam morrer.
O próprio Pence vai ganhar sua própria chance de abordar as revelações do comitê. Ele é convidado no evento para a Heritage Foundation, um think tank conservador, que por hora foi adiado por causa do mau tempo em Washington.
Tanto Trump quanto Pence consideram lançar campanhas presidenciais em 2024. Trump indica um retorno a Washington desde que deixou o cargo no ano passado, e recentemente deu mais pistas de que poderia anunciar algo em breve.
Já Pence tem intensificado suas aparições públicas (vide o evento da Heritage Foundation), aumentando as especulações sobre seus planos para 2024. Além da agenda lotada de discursos, o ex-vice presidente formou recentemente seu próprio grupo de defesa política e tem visitado os “swing states” (estados divididos entre eleitores republicanos e democratas, que podem pender para um lado ou para o outro), que podem decidir o próximo presidente.
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Mas tanto Trump quanto Pence enfrentarão dificuldades se concorrerem à Presidência em 2024. De acordo com uma pesquisa do jornal The New York Times, em parceria com a Siena College, realizada este mês, metade dos eleitores republicanos disseram que preferiam apoiar um candidato diferente de Trump nas eleições primárias, em que republicano disputa contra republicano.
Desses eleitores, apenas 6% desses eleitores disseram que apoiariam Pence nas primárias.
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O índice de aprovação de Trump também permanece baixo se os republicanos esperam recuperar o controle da Casa Branca em 2024. Uma pesquisa recente da Universidade Quinnipiac descobriu que 37% dos americanos têm uma opinião favorável de Trump, enquanto 55% têm uma impressão desfavorável.
O vencedor das primárias republicanas em 2024 enfrentará (provavelmente) Biden, que viu seu próprio índice de aprovação cair nos últimos meses, afetado pela alta inflação e pela guerra na Ucrânia, que azedaram o humor do país. A maioria dos democratas agora diz que prefere um candidato diferente para 2024.