Autoridades da Guatemala investigam se as 35 meninas que morreram durante um incêndio em um abrigo para menores foram impedidas de fugir das chamas porque estavam trancadas em um cômodo. As primeiras investigações apontam que as vítimas foram mantidas presas após uma tentativa frustrada de fuga em massa, segundo testemunhas.
As chamas que tomaram conta da sala de aulas de apenas 16 metros quadrados, onde estavam 52 adolescentes, deixaram meninas com ferimentos tão graves que especialistas em queimaduras foram levados dos Estados Unidos. Além disso, médicos afirmaram que as vítimas da tragédia de quarta-feira precisam de centenas de doadores de sangue.
O governo demitiu o diretor do lar Virgen de la Asunción, fechou temporariamente o abrigo, decretou três dias de luto e prometeu reformar o sistema de assistência infantil, que especialistas afirmam sofrer de uma grave falta de financiamento.
“Os funcionários deixaram as meninas em um espaço extremamente reduzido, uma sala de quatro por quatro metros, para 52 meninas adolescentes”, disse Claudia López, vice-secretária de direitos humanos da Guatemala. “Foi uma decisão terrivelmente mal concebida”.
A polícia e testemunhas dizem que o fogo parece ter sido iniciado por uma das garotas, que incendiou um colchão, possivelmente para protestar depois de horas trancada na sala.
“Se realmente foram as meninas que iniciaram o incêndio, por que tinham fósforos à mão, por que não foram revistadas se iam ficar trancadas neste espaço minúsculo?”, indagou Claudia.
Convivência
O lar Virgen de la Asunción abriga jovens de até 18 anos em San José Pinula, 25 quilômetros a sudoeste da Cidade da Guatemala. Suas moradoras normalmente são uma mistura incomum de vítimas de violência e jovens infratoras, e outra ala acolhe crianças deficientes.
Os anos de problemas no abrigo vieram à tona no horário de almoço na quarta-feira, quando um grupo de adolescentes que se queixavam das instalações simulou uma briga no salão de refeições como distração para depois atacar funcionários e tentar fugir, disse uma testemunha.
Depois de horas de tumulto, a polícia capturou a maioria das foragidas, que foram separadas das centenas de outras moradoras no complexo, de acordo com um relato redigido pelo departamento de direitos humanos do governo.
(Com Reuters)