A Suprema Corte de Justiça do Equador condenou nesta quarta-feira o vice-presidente do país, Jorge Glas, a seis anos de prisão por receber subornos da Odebrecht. O político, de 48 anos, é o funcionário em atividade de cargo mais elevado na América Latina a ser condenado nos escândalos de corrupção envolvendo governantes do continente e o grupo brasileiro.
Eduardo Franco, advogado de Glas, qualificou a sentença de “inócua e bárbara” e anunciou que irá entrar com um pedido de apelação. Além de Glas, outros quatro acusados de associação criminosa, incluindo seu tio Ricardo Rivera, elo entre o vice e a Odebrecht e responsável pela entrega de um montante de 13,5 milhões de dólares (cerca de 44,6 milhões de reais) em subornos, foram condenados pela justiça equatoriana.
Enquanto Glas e Riveram foram sentenciados com a pena máxima pelo crime, os outro três envolvidos foram condenados a 14 meses de prisão após uma “cooperação eficaz” com a justiça, segundo a sentença lida pelo juiz Edgar Flores. A decisão, de acordo com Carlos Baca, procurador-geral do Equador, abrirá caminho para novas ações contra Glas por corrupção passiva e enriquecimento ilícito, com penas de até 13 anos de prisão.
Eleito há oito meses na chapa do presidente Lenín Moreno, o vice-presidente cumpre prisão preventiva desde o dia 2 de outubro. Segundo a Constituição equatoriana, com a ausência de três meses de Glas do cargo, do qual foi suspenso em agosto, o Congresso tem o poder de eleger um novo vice a partir de uma lista de nomes proposta por Moreno. Nesta quinta-feira, os deputados analisam a possibilidade de um julgamento político contra o político condenado.
O presidente do Equador viajou nesta quarta-feira à Europa, onde será recebido pelo Papa Francisco no Vaticano e se reunirá com o rei da Espanha, Filipe VI, e premiê espanhol, Mariano Rajoy. No início da semana, Moreno afirmou que “essa semana será muito importante na luta contra a corrupção”, adicionando acreditar “firmemente na luta contra a impunidade”.