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Valas com até 3 mil corpos são encontradas em Ruanda

Roupas infantis foram achadas nas valas, o que indica a presença de crianças da etnia tutsi entre as vítimas; local era centro militar hutu

Por Da redação
26 abr 2018, 16h14

Valas comuns foram descobertas nas duas últimas semanas nos arredores da capital de Ruanda, Kigali, onde devem estar enterrados os corpos de cerca de 3.000 vítimas do genocídio contra os tutsis em 1994.

Desde a última sexta-feira, voluntários e a associação de sobreviventes Ibuka já recuperaram 207 corpos de adultos na cidade de Kabeza, no distrito de Gasabo. Mas o total deve superar os 3.000.

“Temos certeza de que o número (de corpos) ronda os 3.000 porque as provas que recolhemos revelam que este lugar acolheu o maior contingente militar das milícias hutus, e centenas de tutsis eram trazidos de diferentes lugares para serem assassinados”, disse um porta-voz dos sobreviventes de Ibuka.

“É a maior descoberta em anos na região”, explicou Rwigamba. Além de adultos, Rwigamba adiantou que foram encontradas muitas roupas de crianças. Por isso, esperam descobrir também corpos de menores enterrados de forma anônima.

As valas comuns foram descobertas porque um acusado de genocídio, que era então proprietário da casa onde os corpos se encontram, mostrou sua localização. O acusado, conhecido como Saveri, afirmou que quatro valas estavam embaixo de fossas e depósitos de lixo. Mas, durante a investigação, foram encontradas outras três.

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Em 11 de abril, também foram iniciadas escavações na estrada principal de Kabeza, onde foram recuperados 156 corpos, mas ainda falta exumar outra vala comum nesse mesmo local.

Alguns ruandenses ficaram chocados com o fato de os moradores da região não terem dito nada sobre o assunto por tantos anos. “Aqueles que participaram do assassinato de nossos parentes não querem dizer onde os enterraram. Como você pode se conciliar com essas pessoas?”, perguntou France Mukanagazwa. Ele disse que perdeu o pai e outros parentes no genocídio e acredita que seus corpos estão entre os agora encontrados.

Kigali e bairros dos arredores foram alguns dos cenários mais sangrentos do genocídio, pois estavam entre as últimas fortificações das milícias hutus até a entrada das forças da Frente Patriótica Ruandesa (RPA, na sigla em inglês) para libertar essas áreas.

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O massacre de 1994 supôs ao extermínio de 20% a 40% da população de Ruanda, que na época era o país mais densamente povoado da África, com 7 milhões de pessoas.

Cerca de 70% das vítimas mortais eram da etnia tutsi, assassinadas por extremistas hutus após a morte do presidente ruandês, Juvenal Habyarimana. O avião no qual viajava foi derrubado em 6 de abril de 1994, pouco antes da aterrissagem no aeroporto de Kigali.

O assassinato de Habyarimana, da etnia hutu, majoritária em Ruanda, foi o estopim do massacre coletivo iniciado por hutus radicais.

(Com EFE e Estadão Conteúdo)

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