Sete jogadores do Manly Warringah Sea Eagles anunciaram nesta terça-feira, 26, um boicote a uma partida da Liga Nacional de Rugby da Austrália. O grupo se opôs à decisão do clube de adotar um novo uniforme que homenageia o movimento LGBTQ+.
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O time de Sydney se tornaria o primeiro da liga a usar o modelo da “camisa do orgulho”, que promove a inclusão LGBTQ+ no esporte, na próxima quinta-feira, 28.
No entanto, atletas do time afirmaram que não foram consultados sobre a mudança e se recusaram a usar os novos trajes por “motivos religiosos e culturais”. A mídia local identificou os sete jogadores como Josh Aloiai, Jason Saab, Christian Tuipulotu, Josh Schuster, Haumole Olakau’atu, Tolu Koula e Toafofoa Sipley.
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Em entrevista coletiva nesta terça-feira, 26, o técnico da equipe, Des Hasler, pediu desculpas à comunidade LGBTQ+ e aos jogadores envolvidos.
O treinador disse que o clube cometeu um “erro significativo” que causou “confusão, desconforto e dor para muitas pessoas, em particular aqueles grupos cujos direitos humanos estávamos de fato tentando apoiar”.
Hasler afirmou respeitar a posição dos atletas, mas, de acordo com as regras da liga, jogadores do mesmo time não podem usar camisas diferentes nas partidas.
Preocupados com o boicote do time ao jogo de quinta-feira, considerado importante na competição nacional, torcedores reagiram em suas redes sociais. O grupo foi acusado de homofobia e hipocrisia por internautas, que apontaram que o time é patrocinado por uma cervejaria e uma agência de apostas.
Ian Roberts, ex-jogador do Sea Eagles e o primeiro da história do time a se assumir gay, disse que a atitude do seus ex-colegas de clube “parte seu coração”. Em entrevista ao jornal australiano Sydney Morning Herald, ele implorou que os jogadores reconsiderassem sua posição.
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Roberts e outros atletas afirmam que a homofobia continua sendo um grande problema entre torcedores e clubes nas principais competições da Austrália.
Em 2015, Israel Folau, ex-jogador do Rugby Australia foi demitido do time por fazer publicações homofóbicas nas mídias sociais.
O primeiro-ministro do país, Anthony Albanese, se absteve de condenar a decisão dos sete atletas do Manly Warringah Sea Eagles, dizendo que “é importante na sociedade australiana que respeitemos todos por quem são”.
Não é a primeira vez que um atleta australiano se opõe a usar uma camisa do orgulho gay. No ano passado, a jogadora feminina da liga nacional de futebol americano, Haneen Zreika, perdeu um jogo depois de se recusar a vestir a camisa por motivos religiosos.