A Ucrânia e a Rússia concordaram em realizar uma terceira rodada de conversas “em breve”, disse um negociador ucraniano, segundo a agência de notícias Reuters. Pouco depois, Mykhailo Podolyak, assessor da Presidência ucraniana, afirmou que as negociações desta quinta-feira, 3, terminaram sem os resultados desejados, mas com um entendimento sobre proteção de civis.
Após ser adiada em um dia, a segunda rodada de negociações teve início em em Belovezhskaya Pusch, Belarus, por volta das 11h, horário de Brasília.
Ao anunciar o fim desta rodada, Podolyak lamentou que “os resultados que a Ucrânia precisa não foram alcançados”, ressaltando que “há uma solução penas para a organização de corredores humanitários”.
Другий раунд перемовин завершено. На жаль, потрібних Україні результатів поки що немає. Є рішення тільки щодо організації гуманітарних коридорів… pic.twitter.com/rj7Ajyvs6I
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) March 3, 2022
Pouco antes de entrar na reunião, o assessor havia ressaltado que Kiev tinha três objetivos.
“Começando a conversar com representantes russos. As questões principais na agenda: 1. Cessar-fogo imediato. 2. Armistício. 3. Corredores humanitários para retirada de civis de vilarejos/cidades destruídos ou constantemente atacados”, escreveu o assessor em publicação nas redes sociais.
O chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, ressaltou os pontos discutidos e confirmou o entendimento sobre corredores para civis.
“Discutimos minuciosamente três pontos – militar, internacional e humanitário, e o terceiro é uma questão de uma futura regulação política do conflito. Ambas as posições estão claras e escritas. Concordamos em algumas delas, mas a questão principal que chegamos a um acordo hoje é a questão de resgatar civis que estão em uma zona de confonto militar”, afirmou.
Segundo ele, “os ministérios da Defesa russo e ucraniano concordaram em implementar corredores humanitários para civis e um possível cessar-fogo em áreas onde retiradas estão acontecendo”.
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Mais de 2.000 civis foram mortos desde o início da invasão russa à Ucrânia e centenas de estruturas, como instalações de transporte, hospitais, jardins de infância e prédios residenciais foram destruídos, relatou o serviço de emergência ucraniano na quarta-feira. De acordo com o último relatório militar russo, 1.502 alvos de infraestrutura militar ucraniana foram destruídos desde o início da operação militar na Ucrânia, em 24 de fevereiro.
O adiamento, no entanto, foi criticado por Moscou. Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a delegação russa já estava em Belarus aguardando contrapartes ucranianas na quarta-feira, dia inicialmente marcado para as conversas. O chanceler russo, Sergei Lavrov, chegou a culpar ucranianos por atrasarem “deliberadamente” o encontro.
“Nossa delegação estava em posição na noite de ontem. Esperava negociadores ucranianos na noite passada, toda a noite, e então de manhã. Mas ainda está aguardando”, disse. “Como vocês sabem, as conversas não começaram. Negociadores ucranianos claramente não têm pressa. Vamos esperar que eles cheguem hoje”.
A primeira rodada de conversas, na segunda-feira, durou cerca de cinco horas e foi encerrada sem quaisquer avanços significativos. Os dois lados disseram que, depois de consultas em suas capitais, se reuniriam nos próximos dias, mas a Ucrânia chegou a classificar a negociação como “difícil”.
A imprensa ucraniana afirma que a Rússia, além da não expansão da Otan para o Leste Europeu, teria exigido que a Ucrânia se comprometesse a documentar seu status de não integrar nenhum bloco e realizar um referendo sobre isso, reconhecesse as repúblicas populares de Donetsk e Luhansk, abandonasse a exigência da devolução da Crimeia a Kiev e promovesse o fim de “políticas nazistas”. Já a Ucrânia teria exigido um cessar-fogo imediato e a retirada das tropas russas do país.
No entanto, as tropas russas continuam agindo sobre a capital Kiev e outras regiões do país. As negociações não travaram o ímpeto russo de avançar sobre a Ucrânia nem fizeram os ucranianos pararem as tentativas de se aproximar cada vez mais da União Europeia para garantir sanções contra a Rússia e a participação no bloco.