A sobrinha de Donald Trump, Mary Trump, é autora de um livro repleto de criticas ao presidente e segredos sobre sua família, com publicação marcada para o dia 14 de julho. Nesta terça-feira, 7, alguns veículos internacionais que obtiveram uma cópia do manuscrito divulgaram destaques, como o suposto abuso emocional que ele sofreu nas mãos do pai e acusações de sociopatia.
O livro-denúncia “Too Much and Never Enough: How My Family Created the World’s Most Dangerous Man” (“Demais e Nunca o Suficiente: Como Minha Família Criou o Homem Mais Perigoso do Mundo”, em tradução livre) acusa o pai de Trump de criar uma dinâmica familiar tóxica que teria levado à construção de sua personalidade “trapaceira”. Além de parte da família, Mary também é psicóloga clínica.
“O abuso infantil é, em certo sentido, a expectativa de ‘demais’ ou ‘nunca o suficiente’. Donald experimentou diretamente o ‘nunca o suficiente’ na perda de conexão com sua mãe em um estágio crucial de desenvolvimento, o que foi profundamente traumático”, diz um trecho publicado pelo jornal britânico The Guardian.
O abandono durante um ano pela sua mãe e a ausência do pai teriam resultado em “demonstrações de narcisismo, bullying e grandiosidade” que fizeram com que o pai de Trump e magnata imobiliário, Fred Trump, o notasse.
Ela escreve que o Trump sênior “destruiu seu filho mais velho”, Freddy Trump (pai de Mary). Em passagem do livro, Freddy – que faleceu após problemas com alcoolismo – conta sobre o “constante bombardeio de abuso” de seu pai, e que Donald só escapou do mesmo destino devido à sua personalidade.
“É o que os sociopatas fazem: eles cooptam os outros e os usam para seus próprios fins – de forma implacável e eficiente, sem tolerância a dissidência ou resistência”, diz um trecho publicado pela emissora americana CNN.
Entre algumas acusações que faz o texto, Mary diz que Trump pagou um colega para fazer sua prova do SAT (vestibular americano), ajudou sua irmã a obter um assento no Tribunal Distrital em Nova Jersey – através de seu amigo e advogado, Roy Cohn – e que bajula “qualquer outra pessoa com poder de enriquecê-lo”.
Segundo Mary, o livro é baseado em sua própria memória e de alguns membros da família, além de documentos, extratos bancários e declarações fiscais. John Bolton, ex-conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, também lançou um livro-denúncia recentemente, e uma ex-assessora da primeira-dama disse que publicará um livro de memórias ‘explosivo’ sobre sua amizade de 15 anos com Melania Trump.
O livro erode ainda mais a gestão de Trump. Em meio à luta para conter a pandemia de coronavírus nos Estados Unidos e a onda de protestos contra o racismo sistêmico no país, o republicano está comendo poeira nas pesquisas eleitorais contra seu rival democrata, Joe Biden.
Mary Trump relata a ascensão do presidente americano no mercado imobiliário de Nova York como resultado, em grande parte, do apoio financeiro de seu pai, que ela disse ser necessário para compensar as deficiências de Donald. Dessa parceria, surgiu a tentativa de criar sua marca de “mestre do universo”, “não apenas como um playboy rico, mas como um empresário brilhante e autodidata”, com uma capacidade sobrenatural para os negócios.
Enquanto isso, nenhum dos dois teria se importado com a depressão e alcoolismo do irmão mais velho, Freddy.
A editora Simon & Schuster, devido à alta demanda após uma batalha judicial sobre o lançamento do livro, já imprimiu 75.000 cópias para vendas a partir de 14 de julho. O irmão mais novo do presidente, Robert, havia pedido à Suprema Corte do Estado de Nova York para bloquear sua publicação, mas um tribunal de apelação suspendeu imediatamente a ordem contra a editora.