O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu com agressividade nesta terça-feira a perguntas sobre seu posicionamento sobre os atos de violência registrados no último fim de semana em Charlottesville, na Virgínia, e voltou a responsabilizar tanto grupos neonazistas e de supremacia branca, quanto os manifestantes de esquerda.
O presidente americano se irritou com as perguntas sobre o motivo pelo qual esperou 48 horas para condenar explicitamente os grupos de ódio e racistas presentes nos protestos do fim de semana. Após muita pressão política, o presidente americano havia mudado o tom de suas declarações sobre o incidente na segunda-feira, quando acusou diretamente os supremacistas brancos, os membros da Ku Klux Klan e os neonazistas de estarem por trás da violência racial que deixou uma pessoa morta e várias feridas.
Trump afirmou que quis ser cuidadoso para não dar uma “declaração apressada” sem o conhecimento de todos os fatos. “Há dois lados em uma história”, disse, ressaltando que quando fez seus primeiros comentários, não sabia, por exemplo, que o histórico líder da Ku Klux Klan, David Duke, estava presente na marcha. Ele qualificou o incidente de “horrível” e chamou o suposto simpatizante nazista, que jogou o próprio carro contra manifestantes antirracismo, de uma “desgraça para si próprio, sua família e seu país”.
Mas, diante da avalanche de perguntas, Trump se irritou e defendeu sua primeira declaração. “Observei atentamente, muito mais atentamente do que a maioria das pessoas. Você tinha de um lado um grupo mau e do outro um grupo violento. Ninguém quer dizer isso”, afirmou durante uma entrevista coletiva em Nova York.
Trump também defendeu o polêmico estrategista-chefe da Casa Branca, o ultradireitista Steve Bannon, ao afirmar: “Eu gosto de Bannon. Ele é meu amigo, é um homem bom, não é racista”.
A marcha “Unite the Right” (Unir a Direita), que terminou em confrontos no último fim de semana em Charlottesville, foi convocada em protesto contra a decisão de remover uma estátua do general Robert E. Lee, um general confederado considerado um símbolo da defesa da escravidão e do racismo. Embora tenha dado a entender que discorda da retirada deste tipo de monumento, Trump afirmou nesta terça-feira que acredita que o melhor é deixar essas decisões nas mãos das autoridades competentes em cada caso.
Após as declarações do presidente, o líder da Ku Klux Klan agradeceu Trump no Twitter por “dizer a verdade” e “condenar os terroristas de esquerda” pela violência.