Em declaração escrita entregue nesta quarta-feira ao Senado americano, o ex-diretor do FBI James Comey disse que o presidente Donald Trump pediu “lealdade” em um jantar que ambos tiveram em 27 de janeiro e solicitou-lhe, em um encontro posterior, que abandonasse a investigação sobre as ligações entre o ex-conselheiro de Segurança Nacional Michael Flynn e a Rússia.
Flynn deverá participar de uma audiência no Comitê de Inteligência do Senado dos Estados Unidos na quinta-feira. As declarações fazem parte dos comentários iniciais que ele deverá tecer durante a reunião e foram divulgadas no site do próprio comitê.
A solicitação foi feita um dia depois de Flynn ter sido demitido por omitir encontros que teve em dezembro com o embaixador russo em Washington. “Eu preciso de lealdade, eu espero lealdade”, disse Trump no dia 27, de acordo com anotações feitas no mesmo dia por Comey.
“Eu espero que você possa deixar isso para lá, deixar Flynn de lado. Ele é um cara legal. Eu espero que você possa deixar isso para lá”, afirmou o presidente em encontro no dia 14 de fevereiro, de acordo com as anotações. Comey diz ter respondido apenas: “Ele é um cara legal”.
As interações podem ser potencialmente interpretadas como uma tentativa de obstrução da Justiça, o que daria as bases para a abertura de um processo de impeachment.
Comey foi demitido há cerca de um mês, quando conduzia a investigação do FBI sobre a suspeita de interferência da Rússia nas eleições presidenciais americanas para prejudicar a democrata Hillary Clinton e favorecer Trump. Em entrevista à rede NBC, o presidente afirmou que a investigação foi um dos fatores que o levaram a tirar Comey do cargo.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)