Trump inflou patrimônio em US$ 2,2 bilhões, diz procuradoria de NY
Segundo acusação feita em Nova York, ex-presidente mentiu sobre o valor em 2014 e usou soma exagerada para se beneficiar nos negócios
A procuradoria-geral do estado de Nova York disse nesta quinta-feira, 31, que o ex-presidente americano, Donald Trump, dois anos antes de ser eleito, inflou seu património líquido em até US$ 2,2 bilhões. Segundo a acusação, o objetivo era se beneficiar com os negócios de sua empresa Trump Organization.
A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, uma democrata, abriu no ano passado um processo civil multimilionário contra a Trump Organization devido às suas finanças.
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“O patrimônio líquido de Trump em qualquer ano entre 2011 e 2021 não seria superior a US$ 2,6 bilhões, em vez do patrimônio líquido declarado de até US$ 6,1 bilhões, e provavelmente seria consideravelmente menor se suas propriedades fossem realmente avaliadas em avaliações profissionais completas”, disse o escritório de James.
De acordo com o documento estatal, as correções aos registros financeiros para o período de 10 anos em questão reduziriam o patrimônio líquido declarado de Trump de “17% [a] 39% em cada ano, ou entre US$ 812 milhões e US$ 2,2 bilhões, dependendo do ano”.
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O julgamento está marcado para outubro. Os advogados de James argumentam que não era necessário qualquer julgamento “para determinar que os réus apresentavam valores de ativos grosseiramente inflacionados, e depois os utilizavam, repetidamente, em transações comerciais para fraudar bancos e seguradoras”.
James pediu uma indenização de US$ 250 milhões pela empresa, e quer que Trump e seus filhos sejam impedidos de administrar negócios em Nova York. Os advogados do réu devem apresentar uma resposta nos próximos dias.
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O antigo presidente nega qualquer irregularidade, alegando, como é de praxe, que sofre de perseguição política.
As finanças do ex-presidente dos Estados Unidos – os seus impostos e declarações sobre a sua riqueza pessoal – tornaram-se uma obsessão nacional em 2016, quando derrotou a democrata Hillary Clinton na corrida à Casa Branca. Ele não chegou a divulgar essas informações durante a campanha, como é de costume, embora não seja obrigatório.
No entanto, reportagens da mídia americana revelaram provas abundantes de práticas duvidosas. No final do ano passado, os membros democratas do Congresso divulgaram seis anos de declarações fiscais de Trump. Cobrindo o período de 2015 a 2020, forneceram muitas informações embaraçosas.
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Trump e sua esposa, Melania, pagaram US$ 641.931 em impostos federais sobre o rendimento dos lucros em 2015. Nos dois anos seguintes, foram US$ 750. Depois, quase US$ 1 milhão em 2018, US$ 133.445 em 2019 e zero dólares em 2020. Os dados refletem perdas nos negócios e contestam a narrativa do ex-presidente sobre seu alardeado sucesso comercial.
Com os novos dados divulgados nesta quarta-feira, a procuradoria-geral de Nova York parece confiante de que pode ganhar o caso.
“Os documentos não deixam qualquer dúvida de que as [declarações de situação financeira] de Trump não refletem remotamente o ‘valor atual estimado’ de seus ativos”, disse o escritório da procuradora.