O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, foi destacado nesta segunda-feira, 17, para liderar a delegação dos Estados Unidos na posse de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil, em 1º de janeiro, em Brasília. Como praxe, o presidente americano não participa dessas cerimônias nem convida mandatários para sua própria posse. Donald Trump não fez diferente.
Sem embaixador neste momento crítico em Brasília, a Casa Branca destacou o encarregado de negócios de sua representação no país, William Popp, como membro de sua delegação. Também farão parte o diretor da Agência Internacional de Desenvolvimento, Mark Green, e o responsável pela América Latina no Conselho de Segurança Nacional da Presidência, Mauricio Claver-Carone.
A escolha de Pompeu, homem forte da diplomacia americana, emite um sinal positivo para as relações que ambos os lados se mostram interessados em aprofundar e expandir. As primeiras declarações do futuro chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, sinalizam para uma conexão sem precedentes da política externa do Brasil com a dos Estados Unidos.
Mas a delegação escolhida por Trump para a posse de Bolsonaro não chega ao mesmo nível da que ele enviou para a posse de Andrés Manuel López Obrador na Presidência do México, em 1º de dezembro passado. Essa comitiva fora chefiada pelo vice-presidente americano, Mike Pence, e sua mulher, Karen. Dentre as outras cinco autoridades listadas estavam a filha e assessora de Trump, Ivanka, e a secretária de Segurança Interna, Kirstjen M. Nielsen.
Em posses anteriores no Brasil, a Casa Branca sempre tratou de enviar representantes de alta envergadura, independentemente de sua coloração partidária. Mas, em alguns momentos, houve certa picardia dos americanos. Na posse do petista Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, o então presidente americano, George W. Bush, ironicamente destacou o representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Zoellick.
Principal negociador americano da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), enterrada por Lula anos depois, Zoellick havia criticado a posição do Brasil e dito que o país acabaria fechando acordo apenas com os pinguins. O então presidente eleito reagiu, chamando-o de “sub do sub do sub”, o que definitivamente Zoellick não era. Ambos acabaram se cumprimentando. E, por mais estranho que possa parecer, Lula e Bush se entenderam muito bem.
Em 2011, o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, teve o cuidado de enviar sua secretária de Estado, Hillary Clinton, para a posse de Dilma Rousseff. A atitude ecoou positivamente, embora pouco depois a presidente do Brasil tenha feito uma desastrada visita à Casa Branca e jogado por terra a possibilidade de um bom diálogo com o líder americano. Quatro anos depois, Obama enviou seu vice-presidente, Joe Biden, para a segunda posse de Dilma Rousseff, afastada por processo de impeachment em 2016.