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Trump é um ‘líder emocionalmente esgotado, cheio de ira e imprevisível’

Resultado de centenas de horas de entrevistas, novo livro do jornalista Bob Woodward traz os bastidores da Casa Branca

Por Da Redação
Atualizado em 4 set 2018, 23h45 - Publicado em 4 set 2018, 19h13
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  • No ano passado, o então conselheiro econômico da Casa Branca, Gary Cohn, roubou da mesa de seu chefe, Donald Trump, a carta de oficialização da retirada dos Estados Unidos de um acordo comercial com a Coreia do Sul. A decisão afetaria um programa confidencial de segurança nacional – a detecção dos mísseis da Coreia do Norte apenas sete segundos depois de lançados.

    “Eu a roubei da mesa. Eu não poderia deixá-lo ver a carta. Ele nunca vai ver esse documento. Tive de proteger o país”, afirmou Cohn em um dos depoimentos colhidos pelo jornalista Bob Woodward sobre os bastidores da Casa Branca sob o comando de Trump.

    Célebre coautor das reportagens do Washington Post sobre o Escândalo de Watergate, que levaram à renúncia  do então presidente Richard Nixon, em 1974, Woodward lança no próximo dia 11 seu mais novo livro Fear: Trump in the White House (Medo: Trump na Casa Branca, em tradução livre).

    A rede de televisão CNN teve acesso ao exemplar de 448 páginas e pinçou as suas principais revelações, como essa descrição de Cohn. A obra foi o resultado de centenas de horas de entrevistas gravadas, inclusive com colaboradores mais próximos de Trump. A maioria das fontes pediu e obteve anonimato.

    Uma das vozes mais influentes sobre Trump, o banqueiro Cohn demitiu-se no início de abril por desgaste na sua relação com o presidente – e não por causa de seus furtos. Os roubos de documentos, para evitar a assinatura e o “cumpra-se” de Trump, foram táticas usadas por outros de seus colaboradores, como o ex-ministro da Casa Civil Rob Porter.

    “Um terço do meu trabalho consistia em tentar reagir a algumas das perigosas ideias que ele tinha e dar a ele razões para acreditar que não eram exatamente boas ideias”, disse Porter a Woodward.

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    O jornalista descreve esses atos como “golpes de Estado administrativos”. Mas traz um importante detalhamento da personalidade de Trump para justificar atitudes extremas como essas.

    O presidente dos Estados Unidos, segundo a leitura da CNN ao livro de Woodward, é um homem obcecado por estar presente na imprensa e entre seus principais apoiadores, pelo tema da investigação sobre a ingerência da Rússia em sua campanha eleitoral e sobre a redução de gastos do governo.

    Assim como Michael Wolf havia escrito em seu Fogo e Fúria: Por dentro da Casa Branca de Trump, Woodward confirma a solidão do presidente e sua paranoica relação com os noticiários da televisão. Obsessivo também no uso do Twitter como ferramenta de comunicação direta com seus eleitores, o presidente considera-se um “Ernest Hemingway dos 140 caracteres”.

    Bob Woodward
    Bob Woodward, co-autor de ‘Todos os Homens do Presidente’ e editor associado do Washington Post – 18/04/2011 (Alex Gallardo/Reuters)
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    Os depoimentos tomados por Woodward traçam ainda o perfil de Trump como um mentiroso contumaz e uma pessoa que saboreia humilhar os outros. Seus assessores mais próximos ouvem frequentemente insultos e assistem aos seus acessos de raiva. Segundo a CNN, Woodward resume Trump como um “líder emocionalmente esgotado, cheio de ira e imprevisível”.

    O secretário de Justiça, Jeff Sessions, a quem pretende demitir depois das eleições legislativas de outubro, foi chamado por Trump de “retardado mental” e de “sulista burro”. Ex-ministro da Casa Civil de Trump, Reince Priebus, foi comparado a um “camundongo”. Priubus foi demitido por meio do Twitter em julho de 2017.

    Trump disse a seu atual advogado pessoal, o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, que parecia um “bebê que precisa ser trocado” e lhe perguntou: “Quando vai se tornar um homem?”

    Em contrapartida, não será incomum encontrar no livro insultos de autoridades do governo americano ao seu presidente. O atual ministro da Casa Civil, John Kelly, descreve Trump como um “idiota” e “desequilibrado”. O secretário de Defesa, James Mattis, diz ter o presidente a compreensão de um “garoto do início do ensino fundamental 2”. Seu ex-advogado John Dowd diz ser ele um “p. de um mentiroso”.

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    “Ele é um idiota. Não tem sentido tentar convencê-lo de qualquer coisa. Ele saiu dos trilhos. Estamos em uma cidade louca”, disse Dowd para o livro.

    O ex-advogado detalhou a Woodward a insistência de Trump em dar seu depoimento ao procurador especial Robert Mueller, chefe da equipe de investigação da interferência russa em prol da vitória republicana em 2016. Essa investigação tem potencial para levar Trump a um julgamento político e à perda de seu mandato.

    Dowd tinha certeza de que seu chefe não seria capaz de dizer a verdade e, ao cometer perjúrio, acabaria condenado criminalmente por um tribunal. Mueller, por sua vez, pressionava para ouvir Trump. O advogado teve de ser mais direto com seu presidente: “Não vai testemunhar. É isso ou um uniforme laranja”, teria dito referindo-se ao traje dos presidiários nos Estados Unidos.

    Telefonema

    No início de agosto, Trump telefonou para Woodward para questioná-lo por que não o havia entrevistado para o livro, conforme publicou hoje o Washington Post. Em uma conversa de 11 minutos, gravada pelo jornalista com a devida autorização do presidente, Trump insiste não ter recebido nenhum pedido e lamenta não ter sido ouvido.

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    Woordward explica ter feito contato com cerca de seis assessores de Trump e solicitado a ajuda do senador republicano Lindsey Graham. “O senador Graham realmente mencionou isso rapidamente em uma reunião”, reconheceu Trump. “Sim. Bem, veja, e nada aconteceu”, respondeu Woodward.

    Trump insistiu em saber a quais de seus colaboradores o jornalista havia solicitado a entrevista. Woodward mencionou especialmente Kellyanne Conway, conselheira do presidente e ex-diretora de sua campanha eleitoral. Depois de idas e vindas da conversa, Trump chamou Conway para a conversa e a colocou em linha com Woodward.

    “Lembra que, dois meses e meio atrás, eu disse para você que eu queria conversar com o presidente? E você disse que me daria um retorno?”, perguntou. “Lembro. E eu apresentei seu pedido. Mas, você sabe, ele foi rejeitado. Eu somente posso levar até um certo ponto. Acho que posso levar isso direto ao presidente da próxima vez”, respondeu Conway.

    Não era segredo nos meios políticos e jornalísticos de Washington que Woodward estava escrevendo um livro sobre os bastidores da Casa Branca. Apesar da insistência de Trump para culpar um de seus assessores – Conway ou outro qualquer – por não ter apresentado sua versão ao jornalista, a conversa sugere que o presidente se arrependeu de não ter atendido ao pedido de Woodward.

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    Na conversa, Woodward relata ter gravado centenas de horas de entrevistas e chega a chamar sua assistente, responsável pelas transcrições. Sublinha não ter publicado nenhuma declaração de segunda mão – apenas os relatos de fontes primárias.

     

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