O romance político entre o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o governador da Flórida, Ron DeSantis, parece estar minguando. O cenário mais provável para as próximas eleições presidenciais, em 2024, é que os dois republicanos de extrema direita se enfrentem pela indicação do Partido Democrata, e Trump passou a menosprezar o ex-aliado, declarando: “Acho que venceria”.
A popularidade de DeSantis entre a base republicana cresce em todo o país, graças em parte às suas regulares aparições no canal Fox News e à sua combativa retórica reacionária. Sua ascensão nas pesquisas e sua recusa em descartar a possível candidatura à presidência claramente irritaram Trump, que, fiel à forma, iniciou uma ofensiva ao assumir o crédito pelo sucesso do provável rival.
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“Se eu não o endossasse, ele não teria vencido”, disse Trump em entrevista à revista americana The New Yorker, que publicou uma história detalhada sobre a ascensão de DeSantis. O ex-presidente disse, contudo, que ele e o governador da Flórida tinham um “relacionamento muito bom”, acrescentando que “estou orgulhoso de Ron”.
Trump endossou DeSantis em 2017, contra o então líder republicano Adam Putnam, depois de ficar impressionado com sua postura combativa – bem ao estilo de Narciso.
Trump, que em breve poderá ser forçado a prestar depoimento na investigação do estado de Nova York sobre seus negócios na Trump Organization, disse estar “muito perto de tomar uma decisão” sobre concorrer à Presidência pela terceira vez consecutiva. O líder republicano vem insinuando que será candidato novamente desde que perdeu a eleição de 2020 – que ele ainda insiste, sem provas, ter sido fraudada.
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“Não sei se Ron vai concorrer e não perguntei a ele”, disse Trump. “É uma prerrogativa dele. Acho que eu ganharia.”
Em um punhado de pesquisas, DeSantis, que enfrenta uma disputa para permanecer no governo da Flórida em novembro deste ano, já está à frente de Trump na corrida pela indicação presidencial republicana. Sem Trump, ele comanda uma grande vantagem. (Em terceiro lugar, está o senador do Texas Ted Cruz, que já foi pré-candidato.)
A ascensão do governador está incomodando também o círculo íntimo do ex-presidente. Um consultor político republicano disse à New Yorker: “[O time de Trump] está trabalhando horas extras para encontrar maneiras de acabar com DeSantis. Eles realmente o odeiam.”
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Durante uma entrevista por telefone com a emissora de TV de direita Newsmax na segunda-feira 20, Trump ecoou o sentimento.
“Tenho um bom relacionamento com Ron, não sei se ele quer concorrer. Eu não vi isso. Você está me dizendo algo que eu não vi, então vamos ver o que acontece”, disse ele. “Mas eu fui muito responsável por eleger ele.”
Em outro movimento que provavelmente não agradará a Trump, alguns doadores ricos que apoiaram a fracassada corrida eleitoral de 2020 de Trump começaram a contribuir para um comitê político ligado a DeSantis, informou o portal de notícias Politico no domingo 19. Esta foi a primeira vez que muitos deles doaram para um candidato em uma eleição estadual da Flórida.
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