O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que a “paciência estratégica” com a Coreia do Norte acabou e destacou a necessidade de uma “resposta decidida” ao regime de Kim Jong-un. O republicano, que falou à imprensa nos jardins da Casa Branca, não esclareceu, no entanto, se aumentará as sanções contra Pyongyang.
“Estamos trabalhando junto com Coreia do Sul e Japão em uma série de medidas diplomáticas, de segurança e econômicas para proteger nossos aliados e cidadãos dessa ameaça chamada Coreia do Norte”, disse Trump após se reunir com o presidente sul-coreano Moon Jae-in. “Os Estados Unidos chamam outros poderes regionais para se reunir a nós na implementação das sanções (já existentes) e para exigir que a Coreia do Norte escolha um caminho diferente – e faça isso rapidamente”, disse Trump.
O presidente americano insistiu que o “temerário e brutal regime” norte-coreano e seus programas nucleares e balísticos “merecem uma resposta decidida”. Esse regime “não tem consideração pela segurança do seu povo e de seus moradores e não tem respeito pela vida humana”, disse Trump, ao tachar de “aberração” a morte de Otto Warmbier, o jovem americano que foi libertado neste mês em estado de coma após quase um ano e meio detido na Coreia do Norte e que morreu seis dias depois.
“A era de paciência estratégica com o regime norte-coreano fracassou, e francamente, essa paciência se esgotou”, disse Trump. “O nosso objetivo é paz, estabilidade e prosperidade para a região, mas os Estados Unidos sempre se defenderão”, alertou.
Moon, um líder progressista que chegou ao poder em maio com uma vontade de aproximação com o Norte, também se mostrou firme com Pyongyang, ao considerar que a “ameaça nuclear e balística” é “o maior desafio” para Coreia do Sul e Estados Unidos. “As ameaças e provocações do Norte encontrarão uma resposta severa” de Seul e Washington, advertiu. O presidente sul-coreano afirmou ainda que tinha acordado com Trump converter esse tema em uma “alta prioridade” e “coordenar de perto” suas respectivas respostas, mediante uma combinação de “sanções e diálogo em uma estratégia com várias fases”. “A Coreia do Norte não deveria em nenhum momento subestimar o firme compromisso da Coreia do Sul e dos Estados Unidos com isto”, sublinhou Moon, que também pediu a Pyongyang que “volte à mesa negociadora para a desnuclearização da península coreana”, algo que deveria ser feito “sem concessões”.
“Uma reunião muito boa”
O mandatário sul-coreano chegou ontem aos Estados Unidos para tratar com Trump das crescentes ameaças nucleares e de mísseis da Coreia do Norte e sobre a possibilidade de negociar um novo acordo comercial que substitua o que entrou em vigor em 2012. O acordo de comércio bilateral foi criticado diversas vezes por Trump durante a sua campanha eleitoral, mas, até agora, o presidente americano não tinha mencionado abertamente a possibilidade de renegociar o tratado. A Casa Branca adiantou ontem que Trump seria “franco” com Moon na hora de expressar sua preocupação pelo déficit comercial dos Estados Unidos com a Coreia do Sul, que chegou a quase 28 bilhões de dólares no ano passado.
Na noite da quinta-feira, depois de jantar com Moon, Trump escreveu no Twitter: “Acabo de terminar uma reunião muito boa com o presidente da Coreia do Sul. Falamos de muitos temas, entre eles a Coreia do Norte e um novo acordo comercial!”.
Poucas horas antes, o Departamento do Tesouro americano anunciou sanções contra empresas e cidadãos chineses, em uma tentativa de pressionar Pequim a agir de forma mais decisiva contra os frequentes testes com fins militares dos norte-coreanos. Na semana passada, Trump afirmou que avalia os esforços do governante chinês, Xi Jinping, para conter o regime da Coreia do Norte, mas acrescentou que, em sua opinião, eles “não funcionaram”.
Os Estados Unidos pressionam seus aliados para que implementem estritamente as sanções da ONU contra a Coreia do Norte e que suspendam ou reduzam suas relações diplomáticas com essa nação, a não ser que haja algum avanço em direção a sua desnuclearização.
(Com EFE)