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Tribunal mantém condenação de nazista de 99 anos por assassinato de 10.000 pessoas

Irmgard Furchner foi sentenciada em caso que promotores definiram como "assassinato cruel e maligno" de prisioneiros do campo de Stuffhof, na Polônia

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 ago 2024, 14h37 - Publicado em 20 ago 2024, 14h34
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  • Uma ex-secretária de um campo de concentração nazista perdeu recurso nesta terça-feira, 20, contra sua condenação por participação no assassinato de mais de 10.000 pessoas e participação na tentativa de assassinato em cinco casos. Irmgard Furchner, de 99 anos, recebeu a sentença em dezembro de 2022 no que os promotores da Alemanha definiram como “assassinato cruel e maligno” de prisioneiros do campo de Stuffhof, na Polônia.

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    O Tribunal Federal da Alemanha em Leipzig rejeitou o argumento do advogado de Furchner de que o envolvimento da ex-secretária não foi além de realizar atividades “cotidianas” como datilógrafa.

    Irmgard trabalhou no campo de Stutthof entre 1943 e 1945 como secretária do comandante do campo, Paul Werner Hoppe, dos 18 aos 19 anos. Ela foi julgada em um tribunal de menores devido à sua idade na época em que os crimes foram cometidos. Ela é a primeira mulher civil na Alemanha a ser responsabilizada por crimes cometidos em um campo de concentração nazista.

    “O princípio de que atividades profissionais típicas e neutras de ‘natureza cotidiana’ não são criminosas não se aplica aqui, uma vez que o réu sabia o que os principais perpetradores estavam fazendo e os apoiou nisso”, escreveram os juízes do tribunal de Leipzig.

    Durante o julgamento, funcionários do tribunal, incluindo o juiz, visitaram o local onde ficava o campo de concentração, perto de Gdansk, no que era então território que havia sido anexado pela Alemanha. A mesa de trabalho de Irmgard no escritório que ela dividia com outras secretárias ficava ao lado de câmaras de gás, um crematório e uma forca.

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    Os juízes concluíram que a visão que ela tinha de sua janela, somadas às ordens que recebia para fazer relatórios em sua máquina de escrever e por telefone, eram suficientes para que Irmgard soubesse o que se passava no campo. Por isso, concluíram que ela participava ativamente dos crimes ocorridos.

    Muitos prisioneiros morreram de fome ou congelados. Estima-se que de 63 mil a 65 mil pessoas, das quais cerca de 28 mil eram judias, foram assassinadas em Stutthof – a maioria em câmaras de gás, algumas com um tiro na nuca.

    Um dos depoimentos mais memoráveis do processo de Irmgard foi o de Josef Salomonovic, de 84 anos, que sobreviveu a Stutthof e falou ao tribunal em dezembro de 2021. Seu pai, Erich, foi executado em Stutthof.

    Salomonovic mostrou uma fotografia do pai e se dirigiu diretamente a Irmgard. Fora do tribunal, ele disse que queria confrontá-la com a imagem de seu pai. “Ela é indiretamente culpada, mesmo que estivesse apenas sentada no escritório”, disse.

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