A equipe internacional que investiga a queda do voo MH17 da Malaysia Airlines, atingido em 2014 na Ucrânia por um míssil, anunciou nesta quarta-feira, 19, que quatro pessoas foram formalmente acusadas por causar a tragédia que deixou 298 mortos.
Ordens de prisão internacional foram emitidas contra três russos, Serguei Dubinski, Igor Girkin e Oleg Pulatov, e um ucraniano, Leonid Karchenko, suspeitos de envolvimento no caso.
A derrubada do avião é investigada pela Equipe Conjunta de Investigação (JIT), liderada pela Holanda. Os suspeitos vão enfrentar acusações de homicídio, segundo os investigadores.
Na época da queda do avião, separatistas ucranianos simpáticos à Rússia lutavam no leste da Ucrânia, na região de Donetsk, contra as forças do governo ucraniano.
O governo de Kiev chegou a acusar os separatistas de terem derrubado a aeronave, o Boeing 777, e o então presidente Petro Poroshenko classificou de “ato terrorista”. O avião ia de Amsterdã, na Holanda, para Kuala Lumpur, na Malásia.
As acusações
Girkin é ex-coronel do serviço de espionagem FSB e foi ministro da Defesa na República Popular de Donetsk (DNR), apoiada por Moscou. Já Dubinski é funcionário da agência de inteligência militar GRU da Rússia e serviu como vice de Girkin na DNR.
Pulatov é ex-soldado de uma unidade de forças especiais da GRU e foi vice de Dubinski nas forças separatistas ucranianas. O ucraniano Leonid Karchenko liderou uma unidade de combate militar na cidade de Donetsk e estava sob seu comando.
De acordo com a JIT, os acusados faziam as conexões entre Donetsk e Moscou e foram os responsáveis por transferir o lançador de mísseis Buk, usado para atirar no MH17, para as forças separatistas.
“Trabalharam em estreita colaboração para conseguir o sistema de defesa antiaérea Buk e levaram-no ao ponto de lançamento para abater o avião. Assim, todos os quatro podem ser considerados suspeitos de estarem envolvidos na queda do voo MH17”, afirmou um representante da JIT.
Menos de um mês antes do ataque, a Brigada 53, baseada em Kursk, no oeste da Rússia, levou o míssil modelo ar-terra Buk em um comboio de seis veículos – todos com número de identificação do Exército russo – para uma fazenda próxima a Pervomaisk, de onde foi disparado.
No ano passado, a equipe de investigadores já havia acusado o Exército da Federação Russa de ter derrubado o avião da Malaysia Airlines.
A Holanda vai enviar solicitação para Rússia e Ucrânia para interrogar os acusados. A maioria das vítimas mortas na queda da aeronave eram holandesas.
Mais de cinquenta detetives estão envolvidos na investigação, em um time composto por ucranianos, holandeses, belgas, malaios e australianos. Foram usadas imagens de satélite, depoimentos de testemunhas e gravações de ligações telefônicas durante a apuração.