Um cessar-fogo entre Israel e a milícia libanesa Hezbollah entrou em vigor nesta quarta-feira, 27, depois que ambos os lados aprovaram o acordo mediado pelos Estados Unidos e pela França após mais de um ano de conflito.
A trégua, que começou às 4h (23h de terça-feira, no horário Brasília), exige que Israel retire gradualmente suas tropas do sul do Líbano, um reduto do Hezbollah, e que as forças militares libanesas se posicionem na região num prazo de 60 dias. O Exército libanês afirmou que já estava se preparando para despachar 5.000 soldados para a região.
Milhares de libaneses começaram a voltar para suas casas já nesta quarta-feira. No entanto, poucos minutos após o início do cessar-fogo, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) pediram aos moradores do sul do Líbano para que ainda não “se dirijam às aldeias que as IDF ordenaram que fossem esvaziadas” ou às áreas onde as forças israelenses ainda estão fixadas.
O Hezbollah, por sua vez, afirmou que “está adotando as medidas necessárias para completar sua mobilização no sul”.
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Esta foi a guerra mais letal no Líbano em décadas, matando mais de 3.823 pessoas, de acordo com autoridades locais. Além das vítimas fatais, quase 16.000 libaneses foram feridos e 1 milhão de pessoas foram forçadas a deixar suas casas nas zonas de conflito.
Últimos ataques
Até pouco antes do início do cessar-fogo, ataques de ambos os lados foram registrados.
Pouco antes das 4h, os militares israelenses emitiram ordens de retirada para partes de Beirute e alegaram ter lançado uma série de ataques contra redutos do Hezbollah em todo o Líbano, atingindo dezenas deles.
Em um ataque à capital, o Exército israelense disse ter matado um oficial de operações da unidade aérea da milícia libanesa.
O Hezbollah, por sua vez, também lançou drones contra Israel nas últimas horas antes do fim dos combates.
Acordo de cessar-fogo
A trégua acontece pouco mais de dois meses após a escalada da violência no Líbano, impulsionada por uma série de explosões de pagers e walkie-talkies do Hezbollah pela inteligência israelense. Isso foi o estopim de um ano de trocas de tiros na fronteira, ameaçando uma guerra total.
Ao apresentar detalhes do plano de cessar-fogo, o presidente americano, Joe Biden, enfatizou que civis de ambos os lados “logo poderão retornar com segurança às suas comunidades e começar a reconstruir suas casas, suas escolas, suas fazendas, seus negócios e suas próprias vidas”.
Com isso, a expectativa é de que o Hezbollah perca o controle militar da região e não consiga recuperar o vigor mesmo após o fim do acordo. Mas, por outro lado, o grupo libanês pode se reagrupar e mudar sua área de influência.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que seu país “responderá com força” se o Hezbollah quebrar qualquer parte do cessar-fogo. “Se o Hezbollah violar o acordo e tentar se armar, nós atacaremos. Se ele tentar reconstruir a infraestrutura terrorista perto da fronteira, nós atacaremos”, disse ele, acrescentando que a trégua permitirá que as forças de Israel se concentrem na ameaça do Irã e na guerra contra o Hamas em Gaza.