O Ministério da Igualdade da Espanha lançou na quarta-feira, 27, uma campanha de verão para incentivar e apoiar mulheres de diversos corpos para que elas sintam-se livres de ir à praia. Em uma imagem promocional divulgada nas redes oficiais do governo é possível ver cinco mulheres de corpos, idades e etnias diferentes se divertindo em uma praia. “Aproveitem como e com quem quiser — O verão também é nosso”, diz o texto.
“Todos os corpos são corpos de praia”, disse Ione Belarra, ministra dos Direitos Sociais. “Todos os corpos são válidos e temos o direito de aproveitar a vida como somos, sem culpa ou vergonha. O verão é para todas!”.
https://twitter.com/IreneMontero/status/1552215977164771329
Antonia Morillas, chefe do Instituto da Mulher Espanhola e da organização por trás da iniciativa, disse que as expectativas físicas afetam a autoestima das mulheres e negam seus direitos.
“Corpos diversos, livres de estereótipos de gênero, ocupando todos os espaços. O verão também nos pertence. Livre, igual e diversa”, escreveu Morillas nas redes sociais na quarta-feira.
O Instituto da Mulher também afirmou: “Hoje brindamos um verão para todos, sem estereótipos e violência estética contra nossos corpos”.
No entanto, nas redes sociais, a publicação tem sido alvo de comentários contrários à campanha. Alguns usuários dizem que os esforços do governo incentivam a obesidade ou que se trata de uma questão menos importante que outras.
O líder de esquerda Cayo Lara, por exemplo, disse que a campanha era absurda e tentava “criar um problema onde não existe”.
O Podemos, membro da coalizão governista e partido da ministra dos Direitos Sociais, respondeu: “Se os corpos te incomodam, você pode ficar em casa twittando”.
“Que os boatos que circulam não nos distraiam. Toda vez que apontam nossos corpos, que nos censuram por sermos gordos, por termos cabelos, estrias, celulite ou cicatrizes, estão atacando nossa autoestima e com ela, nossa saúde”, escreveu Morillas, em resposta às queixas. “Nossos corpos e nossas vidas são válidos”.
https://twitter.com/antoniamorillas/status/1552738808608718850
Cerca de 20 milhões de pessoas sofrem de distúrbios alimentares na Europa, segundo relatório do Instituto Nacional de Saúde da Itália. Além disso, as formas mais frequentes e conhecidas de transtornos alimentares como a anorexia e bulimia nervosa, nos últimos 20 anos, tem se tornado uma verdadeira crise de saúde mental, devido aos efeitos devastadores que elas causam na vida de adolescentes e jovens adultos, segundo comunicado do Parlamento Europeu.
“As repercussões da pandemia, o isolamento social e uma vida social severamente restringida poderiam ter, sem dúvida, um grave impacto nestes distúrbios.” Vários estudos mostram que atualmente a anorexia começa em uma idade ainda mais precoce, e recentemente, os pedidos de ajuda dos afetados tem aumentado.