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Tiroteio causa pânico no Iêmen e 85 pessoas morrem pisoteadas

Comerciantes estavam distribuindo dinheiro em evento do Ramadã e rebeldes tentaram controlar a multidão atirando para o alto, provocando caos

Por Da Redação
20 abr 2023, 09h11
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  • No Iêmen, durante um evento tradicional do Ramadã que distribui dinheiro à população pobre, nesta quarta-feira 19, uma multidão se assustou com uma série de tiros e correu, em pânico. O resultado foram ao menos 85 mortos, que foram pisoteados. Outras 73 pessoas ficaram feridas.

    Esta foi a tragédia mais mortal do país que não tem relação à guerra civil, e ocorreu antes do feriado muçulmano de Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadã nesta semana.

    De acordo com a agência de notícias Reuters, rebeldes da etnia Houthi dispararam suas armas para o ar na tentativa de controlar a multidão no evento de quarta-feira. Os tiros atingiram um fio elétrico, causando uma explosão, o que provocou pânico. A multidão, incluindo muitas mulheres e crianças, começou a correr.

    + Árabia Saudita atua em proposta de paz entre governo do Iêmen e rebeldes

    Um vídeo postado nas redes sociais mostrou dezenas de corpos, alguns imóveis e outros gritando, enquanto as pessoas tentavam ajudá-los. Imagens divulgadas por oficiais Houthi mostraram manchas de sangue, sapatos e roupas das vítimas espalhadas pelo chão.

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    A confusão ocorreu na Cidade Velha, no centro de Sanaa, onde centenas de pessoas pobres se reuniram para um evento de caridade organizado por comerciantes, de acordo com o Ministério do Interior, administrado por Houthis. Cada pessoa receberia cerca de US$ 10 (pouco mais de R$ 50) de uma instituição de caridade financiada por empresas locais.

    + ONU acusa rebeldes do Iêmen de desviar parte da ajuda humanitária

    Pessoas e empresas ricas costumam distribuir dinheiro e comida, especialmente para os pobres, durante o Ramadã. Abdel-Khaleq al-Aghri, do Ministério do Interior, culpou a “distribuição aleatória” de fundos sem coordenação com as autoridades locais pela tragédia.

    Os rebeldes rapidamente isolaram a escola onde o evento estava sendo realizado e impediram que pessoas, incluindo jornalistas, se aproximassem. O Ministério do Interior disse que prendeu dois dos organizadores do evento e que uma investigação está em andamento.

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    Os Houthis disseram que pagará cerca de US$ 2 mil (aproximadamente R$ 10 mil) como compensação para cada família que perdeu um parente. Os feridos receberão cerca de US$ 400 (R$ 2 mil).

    + Unicef: Guerra no Iêmen matou ou feriu mais de 11 mil crianças desde 2015

    A capital do Iêmen está sob o controle dos Houthis, apoiados pelo Irã, desde que eles desceram de seu reduto no norte em 2014 e removeram o governo reconhecido pela comunidade internacional. Isso levou uma coalizão, liderada pela Arábia Saudita, a intervir em 2015 para tentar restaurar o governo.

    O conflito se transformou, nos últimos anos, em uma guerra por procuração entre a Arábia Saudita e o Irã, que deixou mais de 150 mil mortos, incluindo militares e civis, e criando um dos piores desastres humanitários do mundo. Mais de 21 milhões de pessoas no Iêmen, ou dois terços da população do país, precisam de ajuda e proteção, de acordo com o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas. Entre os necessitados, mais de 17 milhões são considerados particularmente vulneráveis.

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    Em fevereiro, as Nações Unidas disse que levantou apenas US$ 1,2 bilhão, fração da meta de US$ 4,3 bilhões, em uma conferência destinada a gerar fundos para aliviar a crise humanitária no Iêmen.

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