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‘The Washington Post’ publica última coluna de Jamal Khashoggi

Jornalista desaparecido há duas semanas escreveu sobre a liberdade de imprensa no mundo árabe

Por Da Redação
Atualizado em 18 out 2018, 09h34 - Publicado em 18 out 2018, 09h01
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  • Duas semanas após seu desaparecimento de Jamal Khashoggi, o jornal americano The Washington Post publicou nesta quarta-feira o que parece ser a “última” coluna do jornalista. O saudita escreveu sobre a importância da liberdade de imprensa no mundo árabe.

    “O mundo árabe enfrenta sua própria versão de uma Cortina de Ferro, imposta não por atores externos, mas através de forças domésticas que competem por poder”, escreveu Khashoggi.

    “Uma narrativa comandada pelo Estado domina a psique pública e, embora muitos não acreditem nisso, a grande maioria da população é vítima dessa falsa narrativa”, assinalou. “Infelizmente, é improvável que essa situação mude.”

    “Houve um período em que jornalistas acreditavam que a internet iria liberar a informação da censura e controle associados à mídia impressa”, acrescentou. “Mas esses governos, cuja existência depende do controle da informação, bloquearam agressivamente a internet. Eles também prenderam repórteres locais e pressionaram anunciantes a prejudicarem a receita de algumas publicações específicas.”

    Khashoggi ainda cita o caso do colunista Saleh al-Shehi, condenado a cinco anos de prisão por escrever uma coluna que criticava o governo da Arábia Saudita.

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    “O mundo árabe precisa de uma versão moderna dos antigos meios transnacionais para que seus cidadãos possam estar informados sobre os eventos mundiais, e mais importante ainda: devemos proporcionar uma plataforma para as vozes árabes.”

    “Através da criação de um foro internacional independente, isolado da influência dos governos nacionalistas que propagam o ódio por meio da propaganda, as pessoas comuns do mundo árabe poderiam abordar os problemas estruturais que enfrentam suas sociedades”, concluiu.

    Crítico do governo de seu país, Khashoggi, de 59 anos, apresentou-se no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, no último dia 2 de outubro para buscar os papéis de seu casamento. Não há registros de sua saída do prédio e, desde então, ele é dado como desaparecido. O governo turco suspeita que tenha sido assassinato justamente por fazer oposição ao regime saudita.

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    Riad afirma que Khashoggi deixou o consulado no mesmo dia de sua visita e nega qualquer envolvimento no desaparecimento.

    Segundo Karen Attiah, editora do Post, o texto publicado nesta quinta foi enviado ao jornal pelo assistente do colunista no dia seguinte ao seu desaparecimento.

    “O Post adiou a publicação porque esperávamos que Jamal voltaria e nós poderíamos editar o texto juntos. Agora tenho que aceitar: isso não vai acontecer”, escreveu Attiah em uma nota acrescentada à coluna.

    Investigações

    A polícia da Turquia terminou no início da manhã desta quinta-feira as buscas feitas na residência do cônsul saudita em Istambul.

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    Fotos divulgadas pela imprensa turca nas últimas semanas indicam que um comboio de seis veículos deixou o consulado pouco depois que Khashoggi foi visto no local pela última vez e entrou momentos depois na residência do diplomata.

    O cônsul Mohammed Otaibi viajou na terça-feira para Riad e, segundo informa a imprensa saudita, foi destituído do cargo.

    Agentes turcos também fizeram na última segunda-feira uma operação de busca que durou nove horas no consulado saudita, localizado a apenas 200 metros da residência de Otaibi.

    Até agora, o governo turco se negou a comentar os rumores surgidos na imprensa que assinalam que Khashoggi foi torturado, decapitado e esquartejado dentro do consulado.

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    Reação internacional

    Diante do escândalo e em meio às críticas globais aos sauditas, ministros das Finanças da França e da Holanda cancelaram participação em uma cúpula de investimentos em Riad.

    O ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, disse nesta quinta-feira que cancelou sua ida à ao evento porque “as condições não são adequadas”. Seu homólogo holandês, Wopka Hoekstra, também descartou comparecer e o governo da Holanda cancelou uma missão comercial que iria à Arábia Saudita no mês que vem.

    Os planos de comparecimento do secretário de Comércio britânico, Liam Fox, não foram confirmados, disse um porta-voz.

    O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, disse que seus planos de participação na conferência em Riad serão reavaliados nesta quinta-feira, depois que autoridades americanas tiverem uma chance de consultar o secretário de Estado Mike Pompeo, que se encontrou com autoridades sauditas nos últimos dias.

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    Apesar dos múltiplos indícios que apontam o envolvimento da Arábia Saudita no desaparecimento do jornalista, o governo americano parece dar o benefício da dúvida ao país aliado.

    O presidente Donald Trump disse estar esperando o relatório completo de Pompeo sobre o que aconteceu com Khashoggi e afirmou que não quer abandonar seu aliado no Oriente Médio.

    Na quarta, disse ainda que acredita na aplicação do princípio de presunção de inocência e afirmou que o Reino está sendo julgado “culpado até que seja provado inocente”.

    Riad é o maior aliado de Washington no mundo árabe e islâmico. Os Estados Unidos contam com o país para manter seus interesses geopolíticos na região – com, por exemplo, conter o Irã – assim como para preservar seus negócios na exploração de petróleo.

    (Com AFP, Reuters e EFE)

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