O governo do Texas, nos Estados Unidos, anunciou nesta sexta-feira, 17, as primeiras medidas de relaxamento gradual das restrições relacionadas ao coronavírus no país. O anúncio ocorre um dia depois de o presidente americano, Donald Trump, apresentar um roteiro com orientações nacionais e pré-condições para a reabertura do comércio e outras atividades a partir do dia 1º de maio ou antes.
O republicano Greg Abbot, governador do Texas, foi o primeiro a seguir as diretrizes do presidente, incentivando que comerciantes recomecem a operar a partir da sexta-feira, 24, no modelo que ele chama de “varejo para viagem”. Os clientes devem encomendar seus itens com antecedência e realizar a compra do lado de fora das lojas, na calçada.
O governador do Texas também publicou uma ordem executiva para a reabertura dos parques estaduais a partir da segunda-feira, 20, segundo o jornal americano The Washington Post. Contudo, visitantes ainda deverão cobrir o rosto com máscaras ou outros tipos de proteção facial. Além disso, as restrições às cirurgias e procedimentos médicos não relacionados ao coronavírus também serão diminuídas.
Trump demonstrou aprovação dos protestos contra o isolamento social que ocorreram nos estados de Minnesota, Michigan e Virgínia. Os manifestantes ultraconservadores estão desafiando as ordens de distanciamento social para se unirem para protestar contra as restrições instituídas pelos estados para impedir a propagação do coronavírus.
No Twitter, em três publicações consecutivas, Trump escreveu: “Liberem Minnesota”, “Liberem Michigan” e “Liberem Virgínia”. Em cada frase, acrescentou “salvem nossa grande Segunda Emenda. Ela está em perigo!”, em referência ao texto constitucional que prevê o direito à posse de armas.
Segundo o jornal americano The New York Times, os tuítes de Trump começaram momentos após a divulgação de uma reportagem pela emissora conservadora Fox News sobre os protestos em Minnesota desta sexta-feira. Um manifestante da Virgínia foi entrevistado e disse que “aqueles de nós que são saudáveis e querem sair de casa e abrir o comércio precisam começar. Está na hora.”
A mensagem de apoio aos protestos é a terceira guinada de opinião de Trump em menos de três dias. Na quinta-feira, 16, ele divulgara as diretrizes gerais para reabrir gradualmente o país a partir de 1 de maio e deixara nas mãos dos governadores a decisão de iniciar o processo, desde que não houvesse redução consistente dos casos de contaminação pelo coronavírus nos 14 dias anteriores. “Não vamos abrir tudo de uma vez, mas um passo cuidadoso de cada vez”, determinou.
O anúncio contrariara sua posição anterior. No começa da semana, Trump havia dito que tinha “autoridade total” para decidir sobre a reabertura dos Estados Unidos, o que provocou críticas duras dos líderes estaduais.
Em uma teleconferência antes de sua mais nova posição, republicano havia dito a governadores de estados do sul e do oeste que não foram tão afetados pela pandemia haver “ótimas condições” e que eles poderiam retomar a economia e atividades sociais mais rapidamente.
Apoiar os protestos pode ser uma boa política para Trump, analisa o Times. Enquanto a grande maioria do país se preocupa com as consequências da reabertura econômica para a saúde pública, não é o caso de seus eleitores mais devotos. 65% dos eleitores conservadores disseram estar mais aflitos com uma reabertura lenta demais, segundo pesquisa do Pew Research Center.