Um terremoto que atingiu o noroeste da China nesta terça-feira, 19, deixou pelo menos 126 pessoas mortas e centenas de feridos. Equipes de emergência lutam para resgatar sobreviventes sob os escombros em meio a temperaturas abaixo de zero.
O terremoto, que foi o mais mortal em quase uma década no país, abalou o condado de Jishishan, na província de Gansu, danificando casas e estradas. Nesta manhã, a emissora estatal CCTV afirmou que, apenas neste condado, o terremoto matou 113 pessoas, feriu outras 536 e danificou mais de 155.393 casas. Até agora, as equipes de resgate retiraram 67 pessoas dos escombros e fizeram uma operação para retirar outras 685 da província.
Na vizinha Qinghai, mais 13 pessoas morreram e 182 ficaram feridas. Outras 20 ainda desaparecidas.
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Tremor intenso
O terremoto ocorreu perto da meia-noite, pegando a população de surpresa enquanto muitos estavam dormindo. O sismo teve magnitude 5,9 e profundidade de cerca de 10 km, considerada rasa, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos. O Centro de Redes Terremotos da China (CENC) deu uma leitura ligeiramente mais alta, de magnitude 6,2.
O epicentro está localizado perto da fronteira entre Gansu e Qinghai, uma região montanhosa no extremo leste do planalto tibetano. De acordo com o CENC, o primeiro tremor foi seguido por nove sismos secundários de magnitude 3 e acima nesta terça. O primeiro terremoto durou quase 20 segundos e chegou a ser sentido na capital da província de Lanzhou, a 102 km de distância.
O fenômeno também cortou o fornecimento de água e eletricidade, bem como serviços de internet e comunicação em algumas áreas, complicando as operações de resgate. Pelo menos 4 mil bombeiros, policiais e soldados foram enviados para a zona do desastre em Gansu, segundo as autoridades locais, juntamente com milhares de tendas, camas dobráveis, colchas e fogueiras portáteis.
Frio cortante
Agora, equipes de emergência lutam contra o tempo e o clima. A CCTV informou nesta terça que a temperatura mais baixa registrada durante a madrugada em Jishishan foi de 14 graus negativos. Wang Duo, um especialista envolvido no resgate, disse ao canal estatal China Newsweek que termômetros baixo de zero representam o “maior desafio” para os resgates, já que encurtam o chamado “período dourado” – as primeiras 72 horas após o desastre – para encontrar sobreviventes.
Grandes áreas da China, incluindo a área onde ocorreu o terremoto, foram assoladas por uma súbita onda de frio nos últimos dias. O norte do país viu as temperaturas a caírem para baixas históricas.
Nesta terça-feira, o líder chinês, Xi Jinping, instou autoridades a “fazerem tudo” para buscar sobreviventes e tratar feridos, segundo a agência de notícias estatal Xinhua. O Ministério das Finanças e o Ministério de Gestão de Emergências da nação alocaram 200 milhões de yuans (US$ 28 milhões, ou R$ 136,8 milhões) para gestão de danos nas duas províncias atingidas pelo terremoto.
Histórico de abalos sísmicos
A China conhece bem os fortes terramotos, especialmente no sudoeste do país, onde a placa tectônica Euro-Asiática encontra a placa Indiana, uma colisão que criou o imponente Himalaia e o vasto planalto tibetano.
Este foi o terremoto mais mortal no país em quase uma década, de acordo com dados públicos, desde que um sismo na província de Yunnan matou cerca de 600 pessoas em 2014.
A província vizinha Sichuan também presenciou um devastador terremoto de magnitude 7,9 em 2008, que matou cerca de 90 mil pessoas.