Uma tentativa de golpe de Estado na Etiópia acabou nesta segunda-feira com a morte comandante da rebelião, general Asaminew Tsige, quando fugia de seu esconderijo. O governo etíope informou no domingo 23 que quatro autoridades foram assassinadas pelos golpistas.
O Nigussu Tilahun, porta-voz do governo, informou que o golpe começou no sábado 22, quando um grupo rebelde armado invadiu uma reunião e matou o governador de Amhara, Ambachew Mekonnen, e um assessor, Ezez Wassi. O procurador geral de Amhara também foi atingido pelos disparos, mas sobreviveu e está sob cuidados médicos.
Em outro ataque, em Addis Abeba, o comandante do Exército, general Seare Mekonnen, foi morto por seu guarda-costas, que também matou o general da reserva Gezai Abera.
O objetivo dos rebeldes era derrubar o primeiro-ministro, Abiy Ahmed. Tsige ocupava o posto de chefe da segurança pública em Amhara e fora solto da prisão no ano passado, após o governo etíope iniciar uma política de libertação de dissidentes políticos.
O porta-voz do governo etíope classificou a tentativa de golpe como um “ataque coordenado” feito por “mercenários”. Em nota, o gabinete do primeiro-ministro informou que “a maioria dos que participaram dos ataques foi presa”. Já na televisão, Ahmed disse que algumas pessoas foram feridas e outras mortas na operação realizada para prender os dissidentes.
O governo afirma que já tem a situação sob controle em Bahir Dar, capital de Amhara, e em Addis Abeba e que a tentativa de golpe foi totalmente suprimida.
A Etiópia vive um momento de reformas políticas para a democratização do país desde a posse do primeiro-ministro, Abiy Ahmed, no ano passado.
Abiy libertou presos políticos, retirou o banimento aos partidos políticos e indiciou diversos oficiais e autoridades que cometeram abusos de direitos humanos no país. Também alcançou a paz com a Eritreia. A Etiópia, entretanto, vem sofrendo o aumento da violência étnica, principalmente em províncias como Amhara.
Segundo a rede de televisão Al Jazeera, a população de Amhara tem a percepção de ser marginalizada pelo governo central. Os líderes do movimento golpista tentavam incutir nos moradores que a ideia de que não estavam subordinada a Addis Ababa e alimentavam movimentos nacionalistas étnicos.
(Com Estadão Conteúdo)