Os gastos militares na Europa e na Rússia aumentaram no período que antecedeu a invasão da Ucrânia por Moscou, segundo dados publicados pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri) nesta segunda-feira, 25. Além de elevar os gastos de países ocidentais com sistemas de defesa, a guerra abriu caminho para uma potencial expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar liderada pelos Estados Unidos.
Apesar dos impactos pandemia na economia global, diversas nações já vinham reforçando investimento em seus orçamentos militares desde o conflito que provocou a anexação da península da Crimeia pela Rússia, em 2014.
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De acordo com levantamento do Sipri, organização que realiza pesquisas científicas sobre conflitos armados, os gastos militares globais subiram pelo sétimo ano consecutivo, superando a faixa dos US$ 2 trilhões pela primeira vez no ano passado, um aumento de 0,7% em relação a 2020.
Só na Europa, foram US$ 418 bilhões investidos em sistemas de defesa em 2021, e esse número deve aumentar à medida que países como Alemanha, Bélgica, Dinamarca e Suécia cumpram suas promessas de elevar os gastos militares para 2% do PIB nos próximos anos.
Especialistas avaliam que este é um efeito das tensões internacionais que vêm crescendo desde que o Kremlin posicionou suas tropas ao longo da fronteira ucraniana. Além de obrigar a Europa a repensar rapidamente suas estratégias de defesa, a invasão da Rússia ao país vizinho também abriu caminho para uma potencial expansão da Otan, aliança militar que pode passar a incluir a Finlândia e a Suécia em breve.
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No ranking dos países que mais investiram em artigos bélicos, a Rússia permaneceu em quinto lugar, atrás apenas dos Estados Unidos, China, Índia e Reino Unido. A Ucrânia gastou US$ 5,9 bilhões em suas Forças Armadas em 2021, menos de um décimo do orçamento da Rússia, segundo o Sipri.
Sistemas de defesa antimísseis, drones e caças de alta tecnologia estão no topo da lista de compras de países preocupados com as ofensivas de Moscou.
Segundo a diretora do Programa de Gastos Militares e Produção de Armas do Sipri, Lucie Beraud-Sudreau, “as altas receitas de petróleo e gás ajudaram a Rússia a aumentar seus gastos militares em 2021”.
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Os gastos militares russos estavam em declínio entre 2016 e 2019, como resultado dos baixos preços da energia combinados com sanções em resposta à anexação da Crimeia pela Rússia em 2014. No entanto, o orçamento militar do Kremlin atingiu 4,1% do PIB do país em 2021, como reflexo de sua ofensiva à nação liderada por Volodymyr Zelensky, que recentemente agradeceu o apoio dos EUA com o envio de armas à Kiev.