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Teerã tem terceiro dia consecutivo de manifestações pró-regime

Estados Unidos convocaram reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir protestos; Rússia e França consideram se tratar de assunto interno do Irã

Por Diana Lott 5 jan 2018, 23h15

Novas manifestações foram convocadas nesta sexta-feira (5) no Irã para apoiar o regime do país, horas antes de o Conselho de Segurança da ONU se reunir para tratar do assunto, a pedido dos Estados Unidos.

Pelo terceiro dia consecutivo, as mobilizações em apoio ao governo aconteceram na província de Teerã e em várias cidades, para condenar a atuação de “agitadores” que aproveitaram-se de manifestações “legítimas” da população contra as dificuldades econômicas atravessadas pelo país.

Entre 28 de dezembro e 1º de janeiro, a onda de protestos, em sua maioria motivados principalmente pela insatisfação com o alto custo de vida, chegou a diversas cidades do país. Em algumas ocasiões, teve um tom mais político e chegou a provocar atritos que deixaram 21 mortos. Todos os grupos políticos denunciaram a violência das manifestações, argumentando que as demandas legítimas da população devem ser atendidas.

Contudo, a situação voltou ao normal nos últimos dias, após uma forte mobilização das forças de segurança.

As autoridades iranianas acusam a CIA, Israel e a Arábia Saudita de estarem por trás dos distúrbios, apoiando “grupos contrarrevolucionários” e os Mudjahedines do Povo, o principal grupo de oposição ao regime iraniano no exílio. “Os eternos companheiros de cama, Arábia Saudita e o grupo Estado Islâmico (EI), seguindo a linha de Trump, aprovaram a violência, as mortes e as destruições no Irã. Por que deveríamos nos surpreender?”, tuitou o chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif.

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“Estamos aqui para demonstrar que podemos solucionar nossos problemas por nós mesmos, e que não permitiremos nunca que a Arábia Saudita, os Estados Unidos e Israel intervenham”, declarou à AFP Mohsen, engenheiro que protestava em Teerã.

Na última quinta-feira, Washington anunciou novas sanções a cinco empresas do Irã, acusadas de participar do programa de mísseis balísticos do país.

Opositores do presidente iraniano protestam em Londres
Opositores do presidente iraniano protestam em frente a embaixada do Irã em Londres – 31/12/2017 (Eddie Keogh/Reuters)

Reação americana

Desde o início dos protestos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem expressado seu apoio aos manifestantes. A pedido dos americanos, uma reunião do Conselho de Segurança da ONU foi marcada para esta sexta-feira para discutir a situação no Irã, uma ação denunciada pela Rússia.

“Os Estados Unidos continuam interferindo em assuntos internos de outros países, fazem isso sem nenhuma vergonha”, afirmou o vice-chanceler russo Serguei Raiabkov, citado pela agência Interfax. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, também acusou “alguns países, sobretudo Estados Unidos e Israel” de envolverem-se “nos assuntos internos” do Irã.

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O secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin, vinculou a decisão aos protestos recentes contra o governo, argumentando que o Irã deveria gastar mais no bem-estar público do que em armas proibidas.  Para o Departamento de Estado, as autoridades iranianas devem “prestar contas” pela repressão.

Anteriormente, o Irã havia protestado junto a ONU contra a “interferência” dos Estados Unidos, que acusou de agitar os distúrbios. Gholamali Khoshroo, embaixador do país na ONU, acusou Washington de ter abusado seu poder de membro permanente do Conselho ao convocar a reunião. Na mesma linha dos demais representates do governo iraniano, Khoshroo afirmou que o regime tinha “provas sólidas” de que as manifestações foram “claramente organizadas a partir do exterior”.

Durante o encontro, que corre a portas fechadas, o embaixador da França na ONU, François Delattre,  afirmou aos países membros do Conselho de Segurança que os protestos do Irã não representavam uma ameaça à paz e à segurança internacionais — uma forma indireta de dizer que o assunto estaria fora da esfera de atuação do órgão e que a convocação pelos EUA era desnecessária.

“Nós precisamos estar alertas para as tentativas de se explorar essa crise para fins pessoais, o que seria um resultado diametralmente oposto ao desejado”, afirmou.

(com agências)

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