Sob as leis da Tailândia, o crime de lesa-majestade pode resultar em até 15 anos de prisão. Mesmo assim, cerca de 200 pessoas foram às ruas de Bangcoc nesta segunda-feira, 3, exigir reformas à monarquia do rei Maha Vajiralongkorn. Em referência às injustiças sob o governo apoiado pelas forças militares, muitos dos manifestantes estavam vestidos como o bruxo Harry Potter e outros personagens da saga criada pela escritora J.K. Rowling.
Seis pessoas discursaram à multidão, usando palavras mais firmes do que as habituais. A polícia não impediu nenhum dos manifestantes, mas afirmou que quaisquer possíveis ofensas serão investigadas.
Um dos oradores, o advogado Anon Nampa, de 34 anos, acusou o monarca de ter cada vez mais poderes, que por sua vez enfraquecem a democracia. Um dos fantasiados de Harry Potter, Nampa também citou a falta de ações para conter ataques a adversários do governo do primeiro-ministro Prayuth Chan-ocha, ex-líder da junta militar.
“Falar sobre isso não é um ato para derrubar a monarquia, e sim para permitir que a monarquia exista na sociedade tailandesa da forma certa e legítima, como uma monarquia democrática e constitucional”, disse aos manifestantes.
Dois outros grupos estudantis então leram exigências que começavam com: “Cancelamento e reforma das leis que expandem o poder do monarca e que podem usurpar a democracia onde o rei é chefe de Estado”.
Embora protestos, em maioria estudantis, aconteçam quase diariamente contra o governo e a monarquia e a favor de uma nova Constituição, os atos frequentemente contam com críticas veladas. Esta é a primeira vez que manifestantes falam diretamente contra a monarquia, sobretudo por conta das duras punições ao crime de lesa-majestade.
Após a posse do rei, em 2016, o palácio exigiu revisões a uma nova Constituição, que deu ao monarca maiores poderes. Desde então, ele assumiu controle sobre algumas unidades do Exército e sobre bens do palácio que somam dezenas de bilhões de dólares. O rei Maha Vajiralongkorn assumiu o trono após seu pai, o rei Bhumibol Adulyadej, que ficou 70 anos no poder, morrer em 2016.
Segundo ativistas, ao menos nove membros da oposição que moravam no exterior desapareceram. Dois outros foram encontrados mortos.
A vice-porta-voz do governo, Ratchada Thanadirek, disse que cabe à polícia agir contra os manifestantes.
“O governo quer que os jovens manifestantes respeitem as leis para que possam continuar exercendo seus direitos de mostrar duas demandas e que o país continue pacífico”, disse.
(Com Reuters)