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Suécia e Finlândia entregam pedido de entrada na Otan

A inscrição rompe com a tradição e identidade de não-alinhamento militar de ambos os países e foi motivada pela invasão russa da Ucrânia

Por Amanda Péchy
Atualizado em 18 Maio 2022, 09h15 - Publicado em 18 Maio 2022, 08h57
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  • Os governos da Suécia e da Finlândia entregaram nesta quarta-feira, 18, o pedido formal para a admissão na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

    O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, aceitou os pedidos de adesão dos irmãos nórdicos, cada um em uma pasta branca com sua bandeira nacional em relevo, na sede em Bruxelas da aliança defensiva liderada pelos Estados Unidos.

    “Saúdo calorosamente os pedidos da Finlândia e da Suécia para ingressar na Otan. Vocês são nossos parceiros mais próximos”, disse Stoltenberg aos embaixadores dos dois países, que já colaboram com a aliança realizando treinamentos e exercícios militares. Ele acrescentou que a a ocasião era “um passo histórico” e “um dia bom em um momento crítico para nossa segurança”.

    A inscrição rompe com a tradição de não-alinhamento militar e de neutralidade – que durou mais de dois séculos em Estocolmo e desde a Guerra Fria em Helsinque –, e foi motivada pela invasão russa da Ucrânia.

    Ironicamente, um dos motivos mais citados pelo presidente russo, Vladimir Putin, para justificar a invasão era manter Kiev fora da própria Otan, para não trazer forças ocidentais às fronteiras de seu país.

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    Autoridades da aliança já afirmaram que o processo de avaliação, que poderia durar até dois anos, será acelerado. No entanto, a adesão precisa ser aprovada por todos os 30 membros, e a Turquia já manifestou resistência. Ancara afirmou que não aceita a entrada porque os países protegem opositores do governo de Recep Tayyip Erdogan, especialmente comunidades curdas que o país chama de “terroristas”, e aplicam embargo de armas a ele.

    Observadores especulam que os turcos queiram também outras vantagens, como a volta ao programa de fabricação do caça americano F-35, do qual foram expulsos por comprar sistemas antiaéreos da Rússia. Erdogan apoia Kiev na guerra, mas é próximo de Putin.

    Helsinque, Estocolmo e outros aliados ocidentais disseram estar otimistas de que podem superar as objeções da Turquia. Analistas acreditam que Erdogan, que enfrentará as urnas no ano que vem, está tentando obter vantagens políticas domésticas e é improvável que vete os pedidos.

    Na esperança de que a rápida ratificação pelos Estados Unidos ajude a avançar no processo, o ministro da Defesa sueco já está a caminho de Washington e será seguido pelo presidente finlandês, Sauli Niinistö, e pela primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, que devem se reunir com o presidente Joe Biden na quinta-feira, 19.

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    Se bem-sucedidos, os pedidos representariam a expansão mais significativa da Otan em décadas, dobrando a fronteira da aliança com a Rússia, que repetidamente alertou que seria forçada “restaurar o equilíbrio” das forças no continente, após o que chamou de “um erro grave”.

    No entanto, a resposta de Moscou até agora tem sido relativamente silenciosa. Putin descreveu que a adesão da Finlândia e da Suécia não é uma ameaça em si e a Rússia só vai reagir se implementarem infraestrutura militar em seus territórios.

    Ainda não está claro qual vai ser a próxima jogada. A Rússia anunciou um corte no fornecimento de gás à Finlândia e, apesar de um ataque militar russo ser improvável com o foco todo na Ucrânia, Finlândia e Suécia carecem de proteções formais até que entrem na Otan (a última adesão, de Montenegro, demorou 18 meses). O Reino Unido e os Estados Unidos já ofereceram ajuda militar durante esse período de espera.

    Mas, em última análise, esta é uma derrota para Putin. Se procurou reduzir a influência da aliança na Europa, ele só fez ampliá-la.

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