Foi com pose de quem se prepara para ocupar Washington que Steve Bannon, 67 anos, abriu caminho entre os jornalistas e um pequeno grupo de opositores que aguardavam o provocador profissional, ex-assessor especial de Donald Trump e mentor político do deputado Eduardo Bolsonaro na porta da sede do FBI. “Vamos derrubar o regime de Biden”, profetizou o bobo da corte radical, antes de entrar, se entregar e ser preso. Bannon estava foragido desde que havia sido indiciado por desacato ao Congresso — não compareceu para depor à comissão que investiga a invasão do Capitólio por trumpistas em janeiro e não entregou documentos requisitados. Esnobar a comissão é orientação dada por Trump a todos os altos assessores intimados. Mas, no caso de Bannon, a imagem de intrépido paladino da extrema direita cai como luva no seu propósito de mobilizar extremistas em torno de uma certa “revolta nacionalista-populista”. Com essa ideia, viaja sempre à Europa para encontro com próceres do autoritarismo do tipo do italiano Matteo Salvini e do húngaro Viktor Orbán, sem deixar de prestar consultoria informal a aliados, como o clã Bolsonaro. Bannon já havia sido preso antes, acusado de desviar dinheiro arrecadado para a construção do famoso muro na fronteira mexicana (terminou perdoado pelo então presidente Trump). Desta vez, foi liberado depois de entregar o passaporte, mas terá de comparecer duas vezes por semana à delegacia até ser julgado. A pena prevista vai de trinta dias a um ano.
Publicado em VEJA de 24 de novembro de 2021, edição nº 2765