O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarcou em Paris nesta quarta-feira, 5, dando início a uma viagem de cinco dias destinada a celebrar os 80 anos do Dia D, data que marca o desembarque dos aliados na costa da Normandia, na França – um evento marcante para a vitória sobre as forças nazistas na II Guerra Mundial. A viagem, no entanto, ganha novos contornos em meio à incessante guerra na Ucrânia provocada pela invasão russa, em 2022, e uma recente subida de tom de Moscou contra Washington.
Na quinta-feira, 6, Biden seguirá para a Normandia, região ao norte da França, para participar de cerimônias ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron; do rei Charles III, do Reino Unido; do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky; do chanceler alemão, Olaf Scholz; do presidente italiano, Sergio Mattarella, e do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.
+ Há oitenta anos: o dia que deve perdurar na história e na memória
Em Pointe-du-Hoc, rochedo na costa da Normandia onde as tropas americanas desembarcaram, Biden deve fazer um discurso em prol da democracia nesta sexta-feira, 7, tendo em mira também a eleição presidencial de novembro, na qual deve ter Donald Trump como seu adversário.
O Dia D aconteceu em 6 de junho de 1944, quando cerca de 150 mil soldados aliados desembarcaram nas praias da Normandia em uma operação crucial para a libertação da Europa do domínio da Alemanha nazista. O aniversário deste ano provavelmente ficará marcado como a última grande comemoração desta data com a presença de veteranos vivos que lutaram contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial e agora estão com quase 100 anos de idade.
Aliados europeus
Ainda na Normandia, Biden deve se reunir com Zelensky para conversar sobre a situação da Ucrânia, segundo o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.
De volta a Paris no sábado, Biden e sua esposa, Jill, serão recebidos no Palácio do Eliseu para uma visita de Estado organizada pelo presidente francês, um de seus principais aliados no cenário mundial.
Ambos os países tem demonstrado forte apoio à Ucrânia em meio a um momento crítico da invasão russa. Os Estados Unidos se mantêm como os principais financiadores da defesa ucraniana, tendo enviado US$175 bilhões (cerca de R$925 bilhões) para o país desde a invasão da Rússia em 2022, e a França duplicou seu orçamento de defesa para a Ucrânia, além de retomar a produção de insumos militares críticos.
+ Rússia cita ‘consequências fatais’ se Kiev fizer ataques com armas dos EUA
No início desta semana, no entanto, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, subiu o tom e ameaçou os Estados Unidos de enfrentarem “consequências fatais” caso permitam que a Ucrânia utilize armas fornecidas por Washington para realizar ataques contra o território russo.
A fala de Ryabkov é uma resposta à decisão de Biden, na semana passada, de flexibilizar algumas restrições relacionadas ao uso de armamentos dos Estados Unidos pela Ucrânia contra a Rússia. O chefe da Casa Branca anunciou que passaria a permitir ataque contra quaisquer alvos envolvidos na ofensiva em Kharkiv, cidade no nordeste ucraniano, mesmo que estejam dentro do território russo.
O presidente russo, Vladimir Putin, já havia alertado na semana passada para o risco de um conflito global mais profundo, afirmando que qualquer país do Ocidente que permitisse o uso de suas armas para atacar os rincões da Rússia estaria se envolvendo diretamente no conflito.
Putin fez “um aviso muito significativo e deve ser levado com a maior seriedade”, acrescentou Ryabkov. “Peço a estas figuras (nos Estados Unidos) para gastarem parte do seu tempo, que aparentemente gastam em algum tipo de videogame a julgar pela leveza de sua abordagem, no estudo detalhado do que foi dito por Putin”.