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Separação de famílias de imigrantes distancia Trump de republicanos

Política de 'tolerância zero' do governo nas fronteiras acusa criminalmente imigrantes que tentam entrar nos EUA e separa as crianças de seus pais

Por Da Redação
Atualizado em 15 jun 2018, 20h36 - Publicado em 15 jun 2018, 18h34
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  • Republicanos do Congresso dos Estados Unidos se distanciaram do governo do presidente Donald Trump e de sua política de separar crianças de seus pais na fronteira sul do país. O racha acontece após a tentativa do governo de justificar a política de “tolerância zero” com os imigrantes que cruzam a fronteira.

    O secretário da Justiça, Jeff Sessions, tentou defender a nova legislação citando a Bíblia. “Eu gostaria de citar o apóstolo Paulo e seu comando claro e sábio em Romanos 13 para obedecer às leis do governo, porque Deus as ordenou para criar a ordem”, disse Sessions.

    Ao comentar as declarações do secretário, a secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, também afirmou que “é muito bíblico aplicar a lei”.

    Os comentários vieram quando o presidente da Câmara, o republicano Paul Ryan, e outros companheiros de partido disseram não estar confortáveis com a separação de pais e filhos.

    Os casos aumentaram dramaticamente depois que o Departamento de Justiça adotou, em abril, uma nova política de “tolerância zero” nas fronteiras, segundo a qual todos os imigrantes pegos tentando entrar ilegalmente nos Estados Unidos seriam acusados criminalmente. Isso geralmente leva à separação entre os pais e seus filhos.

    “Nós não queremos que as crianças sejam separadas de seus pais”, disse Ryan na quinta-feira (14).

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    Ryan e outros legisladores afirmaram que estão tentando resolver o problema com um projeto de lei sobre imigração. Um rascunho do documento, divulgado na quinta-feira, determina que as crianças sejam mantidas com suas famílias enquanto estiverem sob custódia do Departamento de Segurança Interna. Ou seja, elas ficariam detidas junto com seus parentes.

    O congressista acrescentou que a atual política é aplicada de acordo com uma decisão judicial que impede que as crianças sejam mantidas sob custódia por longos períodos.

    A líder democrata na Câmara, Nancy Pelosi, rejeitou a avaliação dizendo que o presidente Trump deveria dar um fim à prática rapidamente. Ela chamou a política de separação de “bárbara”.

    ‘A culpa é dos democratas’

    O presidente Donald Trump afirmou que não gosta de ver crianças imigrantes separadas de suas famílias na fronteira com o México, mas culpou o Partido Democrata por essa situação.

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    “Detesto que essas crianças sejam separadas (de suas famílias). Os democratas têm de mudar a lei. É a lei deles”, afirmou Trump ,em um incomum contato direto com a imprensa nos jardins da Casa Branca, em referência ao fato de que a normativa foi elaborada durante o governo de Barack Obama.

    “Podemos mudar a lei esta noite, podemos fazer isso agora mesmo. Mas precisamos dos votos dos democratas”, alfinetou. Trump recordou que os republicanos têm uma maioria de apenas um voto no Senado, e, por isso, a aprovação de uma nova lei migratória requer o apoio dos democratas.

    “Essas crianças podem ser atendidas rapidamente e de forma imediata. Mas os democratas forçaram esta nação a essa lei. Detesto ver essa separação de pais e filhos”, insistiu o presidente.

    Pressão

    Histórias de bebês e crianças pequenas sendo tiradas de suas mães receberam ampla cobertura da imprensa. A Casa Branca tentou mudar a narrativa, oferecendo uma excursão a jornalistas de alguns canais de notícias a uma antiga unidade do Wallmart, próxima da fronteira, que serve de casa a centenas de crianças imigrantes.

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    A excursão foi rigorosamente controlada, e o Departamento de Serviços Humanos e Saúde não permitiu que a imprensa fotografasse ou fizesse entrevistas em vídeo. Ao invés disso, um vídeo produzido pelo governo sobre o abrigo foi liberado.

    A visita ocorreu depois que um senador democrata tentou entrar em uma instalação federal no Texas, onde crianças imigrantes estão retidas. A polícia foi chamada e o senador Jeff Merkley, do Oregon, teve de deixar o local. Em outra instalação, usada para processar imigrantes e administrada pelo Departamento de Segurança Interna, ele afirmou ter visto homens, mulheres e crianças amontoados em jaulas.

    “Isso me lembra um pouco um canil, construído com cercas para ciclones”, disse Merkley.

    A Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos também se manifestou, dizendo que os funcionários americanos têm poder para manter as famílias intactas. “Separar bebês de suas mães não é a resposta e é imoral”, disse o cardeal Daniel DiNardo, presidente do grupo.

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    A repreensão do cardeal atraiu a resposta de Sessions, insistindo que a política de separar famílias é necessária para impedir atravessamentos ilegais na fronteira.

    Historicamente, imigrantes sem antecedentes criminais sérios foram libertados da custódia enquanto buscavam asilo ou o status de refugiados. A administração Trump mudou isso, detendo mais pessoas, incluindo as requerentes de asilo.

    (Com Estadão Conteúdo e AFP)

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