O primeiro encontro presencial entre os secretários de Defesa de Estados Unidos e China na cúpula de defesa em Cingapura nesta sexta-feira, 10, terminou com uma troca de acusações entre ambos envolvendo a questão de Taiwan.
Por um lado, Washington acusa Pequim de tentar mudar o status quo da ilha, enquanto o governo chinês responde alegando que a Casa Branca está alimentando uma instabilidade na região com suas ações, incluindo a venda de armas para Taipei.
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Na reunião, o secretário americano, Lloyd Austin, reiterou ao seu contraparte chinês, Wei Fenghe, que os Estados Unidos estão comprometidos com a política de ‘Uma China’, mas alertou que os militares do país asiático estão cada vez mais agressivos, imprudentes e pouco profissionais na região, de acordo com um funcionário de defesa do governo americano.
Para Austin, as ações do Exército chinês sugerem que a China está empenhada em alterar a política atual em relação a Taiwan, território reivindicado pelo Partido Comunista Chinês.
“O nosso secretário também demonstrou preocupação com as constantes declarações de membros do Exército de que o Estreito de Taiwan não é um território internacional. Isso foi dito várias vezes aos soldados americanos e é profundamente preocupante”, disse o funcionário a repórteres.
Em resposta à entrevista, o porta-voz do Exército chinês, coronel Wu Qian, disse que não era Pequim quem estava perturbando a política que “proporciona estabilidade no Estreito há décadas”.
“Não é o continente que está mudando o status quo, são as forças de independência de Taiwan e as forças externas”, disse Wu Qian em entrevista coletiva após a reunião.
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Ainda de acordo com o coronel, o secretário de Defesa chinês apontou especificamente para uma venda de armas feita pelos Estados Unidos para a ilha no valor de US$ 120 milhões. De acordo com o Ministério da Defesa de Taiwan, a nova compra cobrirá “peças sobressalentes para navios de guerra e assistência técnica relacionada”.
“Os Estados Unidos anunciaram novamente a venda de armas para Taipei, o que minou seriamente a soberania e os interesses de segurança da China. O Partido Comunista Chinês se opõe e condena firmemente isso”, disse o comunicado chinês.
Embora a questão da ilha tenha ocupado a maior parte da reunião entre Austin e Wei, houve discussões também sobre a guerra da Ucrânia, o que gerou mais controvérsias.
O secretário de defesa dos Estados Unidos, país que forneceu uma série de armamentos aos ucranianos desde o início do conflito, instou a China a não enviar nenhum suporte militar para a Rússia. O porta-voz chinês reiterou que nenhuma medida do tipo foi tomada.
Apesar das diferenças, Wu Qian disse que a reunião, que durou quase o dobro do tempo estipulado, foi positiva, construtiva e teve um “bom efeito”. O primeiro encontro entre os secretários ocorreu durante a quarta viagem de Lloyd Austin à região do Indo-Pacífico, após um pedido formal da liderança militar da China.
Tema tido como prioridade para os Estados Unidos para a reunião, ambos se comprometeram a construir uma linha de diálogo mais prática, de modo a impedir que a competição econômica evolua para um conflito.
Segundo o funcionário americano, Wei Fenghe respondeu de maneira positiva à ideia de estabelecer mecanismos de comunicação de crise, sugerindo que podem haver avanços relacionados a isso ainda neste ano.
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O porta-voz chinês disse ainda que os próximos passos no relacionamento entre as duas potências incluirão a realização de intercâmbios e conversas sobre cooperação por meio de canais militares e diplomáticos.
“O lado chinês acha que é melhor se reunir do que não se encontrar, e melhor conversar do que não conversar”, afirmou.