O secretário de Justiça dos Estados Unidos, Merrick Garland, confirmou nesta quinta-feira, 11, a operação do FBI, a polícia federal americana, na casa do ex-presidente Donald Trump. Em comunicado, no qual disse ter aprovado pessoalmente o caso, ele também afirmou que seu departamento pediu à Justiça o fim do sigilo da operação por conta do “interesse público”.
Até o momento, apenas o republicano havia confirmado a ida de agentes na segunda-feira ao seu resort na Flórida, conhecido como Mar-a-Lago.
“Eu aprovei pessoalmente a decisão de recorrer a um mandado de busca”, disse. “O Departamento não toma tais decisões levianamente”.
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Em documento publicado nesta quinta, Garland afirmou que agentes foram investigar se o ex-presidente removeu ilegalmente registros da Casa Branca ao deixar o cargo, e janeiro de 2021.
A respeito da retirada de sigilo, a equipe de Garland deu entrada em um pedido para derrubá-lo, assim como a lista de itens recolhidos da casa do ex-presidente, em meio a críticas generalizadas sobre o ineditismo da operação, à medida que foi a primeira contra um ex-ocupante da Casa Branca. A solicitação não inclui os documentos apresentados para solicitar a operação.
A quebra do sigilo, no entanto, não deve ser imediata. O juiz Bruce Reinhart deu entrada em uma ordem exigindo que o Departamento de Justiça apresente uma cópia do pedido pela quebra de sigilo para os advogados de Trump até a tarde de sexta-feira, o que dá tempo hábil para que a defesa de Trump decida se quer recorrer.
O caso chegou ao Departamento de Justiça após análise do comitê da Câmara dos Deputados que investigou se ele teria violado a Lei de Registros Presidenciais após caixas de documentos da Casa Branca serem descobertas em sua residência na Flórida e surgirem relatos de que ele destruiu registros enquanto estava no cargo.
Além disso, na própria segunda-feira, o portal de notícias Axios revelou fotos de duas supostas ocasiões em que o ex-presidente teria jogado documentos oficiais em um vaso sanitário. Nas imagens, não está claro o conteúdo dos manuscritos, mas, de acordo com o jornal, eles teriam sido escritos com a caligrafia de Trump em marcador preto.
Segundo a Administração Nacional de Arquivos e Registros dos EUA, agência independente ligada ao governo, Trump teria levado ao menos quinze caixas de documentos da Casa Branca após deixar a Presidência.
Embora os registros sejam centrais para qualquer Presidência, no caso de Trump são ainda mais importantes já que estão no centro de outra comissão da Câmara, que analisou a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, que tinha objetivo de impedir a certificação de vitória do presidente Joe Biden e deixou cinco mortos.
Segundo o comitê investigativo da Câmara, Trump não apenas falhou em agir, mas optou conscientemente por não agir. Testemunhas disseram que o ex-presidente não fez um único telefonema para autoridades de segurança durante o ataque ao Capitólio, nem para funcionários do então vice-presidente, Mike Pence, ou do governo em Washington, D.C.
Em paralelo, o ex-presidente também sofreu um revés nesta semana em uma longa investigação sobre as práticas comerciais na empresa da família, a Trump Organization. Depois de tentar adiar por meses um depoimento, ele teve que comparecer a uma interrogação, na qual se negou a falar, comandada pelo gabinete da procuradora-geral da Nova York.
Ele negou irregularidades e classificou a busca do FBI como “um ataque” que “só poderia ocorrer em países quebrados do Terceiro Mundo”. Trump também chamou a investigação da procuradora-geral de Nova York, Letitia James, de uma “caça às bruxas” com motivação política.
Desde março de 2019, os advogados de Letitia James avaliam se Trump e sua empresa aumentaram indevidamente os preços de seus hotéis, tacos de golfe e outros ativos. No início deste ano, ela disse em um processo judicial que as práticas comerciais da empresa eram “fraudulentas ou enganosas”, mas acrescentou que seu escritório precisava interrogar Trump e dois de seus filhos adultos para determinar quem era o responsável por essa conduta.