A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, deu início nesta quinta-feira, 6, a uma visita de quatro dias à China que deve se concentrar em estreitar os laços entre as duas maiores economias do mundo. A visita acontece em um momento de altas tensões entre os país e baixas expectativas de ambos os lados.
Recebida em Pequim por um funcionário do Ministério das Finanças chinês e pelo embaixador dos EUA na China, Nicholas Burns, Yellen disse que estava feliz por estar na capital chinesa e esperava avançar no objetivo do presidente Joe Biden de aprofundar a comunicação entre os dois países.
“Buscamos uma competição econômica saudável que beneficie trabalhadores e empresas americanas e colabore nos desafios globais”, disse Yellen. “Tomaremos medidas para proteger nossa segurança nacional quando necessário, e esta viagem representa uma oportunidade de comunicação e evitar falhas de comunicação ou mal-entendidos.”
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Autoridades americanas e chinesas estão céticas de que a visita de Yellen possa aliviar muito as tensões entre os países. Analistas observam que Washington e Pequim aceitaram que ambos os países colocaram a segurança nacional acima dos laços econômicos.
Na próxima sexta-feira, 7, a secretária americana vai se encontrar com o primeiro-ministro da China, Li Qiang, e o ex-czar da economia Liu He, que é amplamente visto como um confidente próximo do presidente Xi Jinping. Entre os assuntos abordados durante as reuniões devem estar as práticas comerciais da China, vistas pelos EUA como injustas, incluindo ações punitivas recentes contra empresas dos EUA e barreiras de acesso ao mercado. Analistas chineses consideram que essas preocupações com as práticas comerciais são uma hipocrisia dos americanos.
“Eu não consideraria que Janet Yellen não é bem-vinda, mas a China não pode simplesmente engolir todas as pílulas de veneno e continuar a mostrar um sorriso”, disse Wang Huiyao, presidente do centro de pesquisas Center for China and Globalization, à agência Reuters, se referindo às sanções dos EUA contra um número crescente de empresas chinesas.
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Além disso, com base em um discurso de Yellen em abril, onde ela classificou a proteção dos interesses de segurança nacional dos EUA e de seus aliados como a base da política econômica com a China, eles também não estão otimistas com o encontro. Para os especialistas, a ênfase de Yellen na segurança nacional significa que é improvável que os EUA parem a “supressão econômica e tecnológica” da China.
Apesar do pessimismo com relação à visita, é esperado que Yellen pressione a abertura de novas linhas de comunicação e coordenação em questões econômicas e enfatize as consequências do fornecimento de ajuda letal à Rússia, uma declaração que a China rejeitou veementemente.
Quando o embaixador chinês Xie Feng se encontrou com Yellen em Washington na última segunda-feira, 3, ele pediu aos EUA que “prestem muita atenção” e se movam para lidar com as principais preocupações da China na economia e no comércio. As tarifas comerciais impostas pelo governo Trump e as sanções contra empresas chinesas são as principais preocupações chinesas.
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A tão esperada viagem de Yellen ocorre semanas após uma visita do secretário de Estado, Antony Blinken, que concordou com o presidente chinês, Xi Jinping, que a rivalidade mútua não deveria se transformar em conflito, em meio a um congelamento nas negociações entre seus militares. Ambas as visitas são consideradas críticas para melhorar a comunicação entre os países.
Esses encontros antecipam um possível encontro entre Biden e Xi no encontro de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, agendado para novembro, em São Francisco.