Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Santos de Pelé parou guerra na África? Entenda o debate

Cinquenta anos depois, fato ainda gera controvérsia e especula-se que, na verdade, o time foi usado como propaganda pelo governo local

Por Matheus Deccache 29 dez 2022, 18h50
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Um dos maiores feitos da carreira vitoriosa de Pelé foi quando o Santos, capitaneado por ele, parou uma guerra na África, em 1969. A história se tornou motivo de orgulho para os santistas e rendeu até mesmo um uniforme especial em celebração do ocorrido. No entanto, mais de 50 anos depois, o fato ainda gera controvérsias e especula-se que, na verdade, o time teria sido usado como propaganda pelo governo local. 

    A partida aconteceu em 4 de fevereiro de 1969 na Nigéria durante a sangrenta Guerra do Biafra, conflito iniciado dois anos antes depois que a região tentou se emancipar do governo nigeriano. O confronto durou até 1970, terminando com a derrota dos separatistas e um saldo de dois milhões de mortos. 

    + ‘Hoje não trabalhamos’: Quando o México parou para ver Pelé jogar

    Na época, houve uma grande comoção global contra a violência aplicada pelo governo contra os biafrenses. Nomes populares na época, as Nações Unidas e até o Papa Paulo VI tentaram amenizar a situação, mas todos sem sucesso. 

    Continua após a publicidade

    Desse modo, o Santos, que já tinha uma turnê programada pelo continente africano, foi convidado pelo governo nigeriano para jogar uma partida em Benin City, no centro-oeste do país, e a presença de Pelé era fundamental no processo. Para que jogadores e comissão técnica pudessem chegar com segurança ao estádio, as autoridades teriam decretado um cessar-fogo. 

    No entanto, para o antropólogo José Paulo Florenzano, da PUC-SP, a história é diferente. Em entrevista à ESPN, ele disse que o Santos não só não interrompeu a guerra civil como foi usado como peça de propaganda pelo governo nigeriano contra os separatistas de Biafra. 

    Segundo o antropólogo, que estuda o tema há mais de dez anos, a tese do cessar-fogo não se sustenta porque o estádio onde a partida aconteceu estava a mais de 100 quilômetros do conflito e, portanto, não era uma região ameaçada. Além disso, levar o time mais famoso do mundo na época para o país era uma prova de que o governo federal tinha total controle sobre seu território. 

    Continua após a publicidade

    + ‘A cara global do futebol’: Imprensa internacional repercute morte de Pelé

    Por fim, Florenzano diz que há fortes indícios de que a população já estava cansada da guerra, que na época já tinha completado mais de dois anos, fator relevante para que as autoridades se esforçassem para colocar a Nigéria na rota do Santos. 

    “É o velho instrumento de acreditar que o futebol pode desviar as atenções e fornecer um alívio para a população”, disse. 

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.