O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse nesta segunda-feira, 7, que a Rússia está pronta para interromper as operações militares na Ucrânia a partir do momento que o país cumprir uma lista de condições.
Em entrevista à agência Reuters, Peskov disse que o Kremlin exige que Kiev encerre sua ação militar, mude sua Constituição para a neutralidade, de modo que o país garanta que jamais irá fazer parte da Otan ou da União Europeia, e reconheça a independência das regiões de Donetsk e Luhansk, além de enxergar a Crimeia como um território russo.
Essa foi a declaração mais explícita por parte da Rússia de que está disposta a encerrar a “operação militar especial” no território ucraniano, que já dura doze dias. Por telefone, o porta-voz disse que o governo da Ucrânia está ciente de todas as exigências desde o último encontro entre as delegações, em Belarus, e que “tudo pode ser interrompido em um momento”.
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A Rússia invadiu o país vizinho em 24 de fevereiro e usou da justificativa de que a população pró-Moscou em Donbass estava sofrendo um genocídio, causando a maior crise de refugiados desde a II Guerra Mundial.
Próximo de completar duas semanas de confrontos, as Nações Unidas estimam que cerca de 400 civis já foram mortos, enquanto o governo ucraniano diz que esse número supera os 2.000. Em resposta, o Kremlin nega veementemente que tenha atacado alvos não militares.
Peskov insistiu também que a Rússia não tem o objetivo de reivindicar outros territórios da Ucrânia e desmentiu rumores de que o país esteja demandando uma rendição de Kiev.
“Nós realmente estamos terminando a desmilitarização da Ucrânia. Nós vamos terminar isso. Mas o principal é que a Ucrânia cesse sua ação militar. Eles deveriam parar sua ação militar e então ninguém atirará”, disse ele.
O porta-voz disse ainda que o Kremlin não está tomando Donetsk e Luhansk da Ucrânia, uma vez que a população dessas regiões pedem por independência, completando que eles “não devem ser destruídos por conta disso”.
“Para o resto, a Ucrânia é um estado independente e deve viver da maneira que quiser, mas sob condições de neutralidade”, disse.
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Para o governo russo, o país foi forçado a tomar medidas decisivas para desmilitarizar seu vizinho, uma vez que 100.000 soldados ucranianos, armados pelos Estados Unidos e Reino Unido, ameaçavam a vida de três milhões de russos nas regiões separatistas. Em resposta, Kiev negou repetidas vezes que estava preparando uma ofensiva para tomá-las à força.
Por fim, Peskov disse que era necessário tomar uma providência para impedir a expansão da Otan em direção ao leste europeu, sendo apenas uma questão de tempo até que a Aliança instalasse mísseis em território ucraniano, assim como fez com Romênia e Polônia.
“Chegamos a um entendimento de que não podemos mais tolerar isso. Estava na hora de agir”, disse.