Autoridades da Rússia pediram na terça-feira 20 que residentes, militares e policiais das regiões de Bryansk, Kursk e Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, parem de usar aplicativos de namoro para impedir que as forças ucranianas rastreiem informações, em meio aos avanços de tropas de Kiev em território russo.
O Ministério do Interior da Rússia apelou pela abstenção do uso de “serviços de namoro online” e restrição do acesso às mídias sociais, alegando que “o inimigo usa ativamente esses recursos para coleta de informações.”
Em uma lista de recomendações publicada pelo governo no aplicativo de mensagens Telegram, os cidadãos também foram aconselhados a não abrir nenhum hiperlink enviado por estranhos e a remover suas localizações em plataformas digitais, já que “o inimigo monitora as redes sociais em tempo real por essas tags e revela a localização real das forças militares e de segurança”.
Segundo o Kremlin, as forças ucranianas estão se conectando “remotamente a câmeras de circuitos internos desprotegidas e vendo tudo – de pátios privados a estradas e rodovias de importância estratégica”.
Os populares aplicativos de namoro ocidentais Tinder, Bumble e Badoo encerraram suas atividades na Rússia devido à invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, tornando as opções de relacionamento online no país limitadas.
Informações vazadas
O alerta russo sobre o perigo do uso das plataformas digitais em meio à guerra se baseia no histórico de informações confidenciais que foram vazadas através do monitoramento dessas redes em zonas de conflito.
Os Estados Unidos proíbem que militarem utilizem recursos de geolocalização desde 2018, quando descobriram que aplicativos de rastreamento e de atividades físicas, como o Strava, poderiam estar colocando tropas em risco.
No ano passado, o país alertou que hackers militares russos estavam tentando obter informações do campo de batalha através do rastreamento de celulares dos soldados ucranianos.
Com o aumento da preocupação, os legisladores russos propuseram, no mês passado, uma punição de até 10 dias de prisão para militares pegos usando seus celulares enquanto lutam na Ucrânia.
Incursão ucraniana
No início do mês, milhares de soldados ucranianos invadiram a região fronteiriça de Kursk, dando início à incursão mais profunda da Ucrânia no território inimigo em quase dois anos e meio de guerra.
Oleksandr Syrskyi, comandante do Exército da Ucrânia, afirmou na terça-feira que suas tropas controlam mais de 1.000 quilômetros quadrados de território russo.
O Ministério de Situações de Emergência da Rússia afirmou que mais de 121 mil residentes de Kursk foram forçados a deixar a região em meio aos combates.