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Rússia doutrina crianças ucranianas em campos de ‘reeducação’, dizem EUA

Desde o início da guerra, ao menos 6 mil crianças de até quatro meses foram levadas para 43 campos em toda a Rússia, segundo levantamento de Yale

Por Da Redação
Atualizado em 15 fev 2023, 10h07 - Publicado em 15 fev 2023, 10h06
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  • Um relatório do Laboratório de Pesquisa Humanitária da Universidade de Yale, financiado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, revelou nesta quarta-feira, 15, que pelo menos 6 mil crianças da Ucrânia frequentaram campos de “reeducação” russos no ano passado. Muitas foram mantidas lá por semanas, ou meses, além da data programada de retorno.

    Moscou também acelerou a adoção e criação de crianças da Ucrânia por famílias russas, no que poderia constituir um crime de guerra, segundo o relatório. Além disso, o texto afirma que o número de crianças enviadas para os acampamentos é “provavelmente significativamente maior” do que as 6 mil confirmadas.

    Desde o início da guerra, há quase um ano, crianças ucranianas de até quatro meses foram levadas para 43 campos em toda a Rússia, inclusive na Crimeia e na Sibéria, para “educação patriótica e militar pró-Rússia”, disse o relatório.

    Em pelo menos dois dos acampamentos, a data de retorno das crianças foi adiada por semanas. Em outros dois outros acampamentos, o retorno de algumas crianças foi adiado indefinidamente.

    As crianças também receberam treinamento com armas de fogo, embora Nathaniel Raymond, um pesquisador de Yale que supervisionou o relatório, tenha dito que não havia evidências de que elas estavam sendo enviadas de volta ao seu país para lutar pelo Kremlin.

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    “Evidências crescentes das ações da Rússia expõem os objetivos do Kremlin de negar e suprimir a identidade, a história e a cultura da Ucrânia”, disse o Departamento de Estado americano em um comunicado. “Os impactos devastadores da guerra [do presidente Vladimir] Putin sobre as crianças da Ucrânia serão sentidos por gerações.”

    O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ned Price, disse a repórteres que o relatório “detalha os esforços sistemáticos e de todo o governo da Rússia para realocar permanentemente milhares de crianças ucranianas para áreas sob controle do governo russo”.

    “Em muitos casos, a Rússia pretendia retirar temporariamente as crianças da Ucrânia sob o disfarce de um acampamento de verão gratuito, apenas para depois se recusar a devolver as crianças e cortar todo contato com suas famílias”, afirmou Price.

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    O relatório pede que um órgão neutro tivesse acesso aos campos e que a Rússia interrompesse imediatamente a adoção de crianças ucranianas. O relatório disse que os assessores de Putin estiveram intimamente envolvidos na operação, especialmente Maria Lvova-Belova, a comissária presidencial para os direitos das crianças.

    Segundo a pesquisa de Yale, 350 crianças foram adotadas por famílias russas e que mais de 1 mil estavam aguardando processos de adoção.

    A embaixada da Rússia em Washington respondeu às conclusões do relatório no Telegram, dizendo: “A Rússia aceitou crianças que foram forçadas a fugir com suas famílias do bombardeio” e “fazemos o possível para manter menores de idade com suas famílias e, em casos de ausência ou morte de pais e parentes – para transferir órfãos sob tutela”.

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    O relatório disse que alguns pais foram pressionados a dar consentimento para mandar seus filhos para a Rússia, às vezes na esperança de que eles ficassem a salvo da guerra e voltassem depois. Outros, disse o relatório, “são enviados com o consentimento de seus pais por um período acordado de dias ou semanas e devolvidos a seus pais conforme programado originalmente”.

    A demora no retorno das crianças tem justificativas variadas. Um funcionário do campo de Medvezhonok disse a um menino da Ucrânia que sua volta era condicional: as crianças seriam devolvidas apenas se a Rússia recapturasse a cidade de Izium, disse o relatório. Outro menino foi informado de que não voltaria para casa devido a suas “visões pró-ucranianas”. Alguns pais foram informados de que seus filhos só serão liberados se vierem buscá-los.

    Ir da Ucrânia para a Rússia é difícil e caro, e homens entre 18 e 60 anos são proibidos de deixar o país, o que significa que apenas as mães das crianças poderiam fazer a viagem. Um dos campos, por exemplo, está localizado no oblast de Magadan, a cerca de 6.230 km da Ucrânia – três vezes mais perto dos Estados Unidos do que da fronteira ucraniana.

    Recentemente, Kiev alegou que mais de 14.700 crianças foram deportadas para a Rússia, onde algumas foram exploradas sexualmente.

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