O parlamento da Rússia aprovou uma lei nesta quarta-feira, 25, que reverte sua ratificação de um tratado global que proíbe testes de armas nucleares. A medida acontece em um momento altas tensões com os Estados Unidos, enquanto Moscou trava a guerra na Ucrânia.
O projeto de lei para reverter a ratificação do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT) foi aprovado por 156 votos a zero na Câmara Alta, depois que a Câmara Baixa também o aprovou por unanimidade. Agora, o projeto será enviado para o presidente russo, Vladimir Putin, que ao que tudo indica deve assiná-lo.
O líder russo solicitou a mudança para “espelhar” a posição dos Estados Unidos, que assinaram o CTBT em 1996, mas nunca o ratificaram. O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, disse que seu país não está preparado para retomar a discussão de questões nucleares com os americanos, a menos que Washington abandone sua política “hostil”.
Embora nunca tenha entrado formalmente em vigor, o CTBT tornou os testes nucleares um tabu na comunidade internacional. Neste século, só a Coreia do Norte realizou um teste envolvendo uma arma atômica.
A Rússia alegou que não tem o objetivo de retomar testes nucleares a menos que Washington o faça primeiro. “Como disse o nosso presidente, devemos estar em alerta, e se os Estados Unidos avançarem para o início dos testes nucleares, teremos que responder aqui da mesma forma”, disse Ryabkov aos legisladores russos.
Analistas acreditam que qualquer movimento neste sentido poderia desencadear uma nova corrida armamentista global, aumentando o nível de preocupação em um momento de intensos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio.
No mês passado, a emissora de televisão americana CNN publicou imagens de satélite mostrando que a Rússia, os Estados Unidos e a China expandiram os seus locais de testes nucleares nos últimos anos. Além disso, o Departamento de Energia americano disse que conduziu uma explosão química em Nevada “para melhorar a capacidade dos Estados Unidos de detectar explosões nucleares de baixo rendimento em todo o mundo”.
A Rússia afirma que as suas estações de monitoramento vão continuar fornecendo dados à rede global que detecta explosões nucleares, mas a ausência de diálogo com os Estados Unidos coloca em risco o destino do tratado New START, que limita o número de ogivas estratégicas que ambos os países podem produzir.
Moscou suspendeu temporariamente o pacto neste ano, sendo que ele expira em 2026, apagando qualquer acordo bilateral com Washington sobre armas nucleares.