O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou nesta quinta-feira, 7, que os Estados Unidos terão que responder às “consequências muito tristes” da decisão de fornecer munições de urânio empobrecido à Ucrânia.
Durante viagem a Kiev na quarta-feira, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, anunciou um pacote de ajuda de 176 milhões de dólares que inclui, entre outros pontos, as munições para tanques Abrams com urânio empobrecido. Como o urânio é um metal denso e não se deforma em contato com alvos, ele é usado para projéteis e bombas por sua capacidade de penetração. No entanto, o uso é alvo de críticas, incluindo da Coalizão Internacional para Proibir Armas de Urânio, por supostos riscos para militares e civis, à medida que a ingestão ou inalação de poeira de urânio pode causar danos como câncer.
+ Controversas, bombas de fragmentação são ‘eficazes’ na Ucrânia, dizem EUA
“Estas consequências também são sentidas pelas gerações subsequentes daqueles que de alguma forma entraram em contato ou estiveram em áreas onde estas armas foram usadas”, disse Peskov, que afirmou que o uso da munição por forças da Otan, a principal aliança militar ocidental, causou um salto de casos de câncer e outras doenças após bombardeios à Iugoslávia, em 1999.
O órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas, a Agência Internacional de Energia Atómica, afirma que estudos na antiga Iugoslávia, Kuwait, Iraque e Líbano “indicaram que a existência de resíduos de urânio empobrecido dispersos no ambiente não representa um risco radiológico para a população das regiões afetadas”.
A decisão de enviar armas com urânio empobrecido segue a decisão de enviar bombas de fragmentação à Ucrânia. Em julho, a Casa Branca confirmou que Kiev tá usando “de forma eficaz” contra soldados russos o armamento proibido em mais de 100 países devido à ameaça aos civis, já que espalha centenas de projéteis (ou bombas menores) quando explode.
Washington decidiu fornecer bombas de fragmentação depois que a Ucrânia alertou que estava ficando sem munição já no primeiro mês de sua aguardada contraofensiva, mais lenta e mais cara do que muitos esperavam. O presidente americano, Joe Biden, chamou a decisão de “muito difícil”, enquanto uma série de aliados, como Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia e Espanha, se opôs à medida.
Justificando-se, a Casa Branca informou que a grande maioria das bombas de fragmentação enviadas à Ucrânia têm taxa de sucesso superior a 97%, ou seja, explodem imediatamente e têm baixo risco continuar engatilhadas por anos, representando uma ameaça a civis, como campos minados.