Um tribunal na Índia condenou o líder da oposição, Rahul Gandhi, a dois anos de prisão por difamação nesta quinta-feira, 23, devido a um comentário que ele fez em 2019 insinuando que o primeiro-ministro do país, Narendra Modi, era um criminoso.
O membro da dinastia Gandhi, no entanto, conseguiu fiança depois que seus advogados anunciaram a intenção de apelar.
O caso surgiu de uma observação feita durante a campanha eleitoral de 2019, na qual Gandhi, o principal rosto do partido do Congresso, perguntou por que “todos os ladrões têm Modi como [seu] sobrenome em comum”.
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O governo de Modi é amplamente acusado de usar a lei para silenciar os críticos. Este é apenas um dos vários contra Gandhi nos últimos anos.
A fala em questão foi considerada como uma calúnia contra o primeiro-ministro, que acabou vencendo a eleição de 2019 com uma vitória esmagadora. Membros do governo disseram ainda que o comentário também foi uma difamação contra todas as pessoas cujo sobrenome é Modi, associado aos degraus mais baixos da tradicional hierarquia de castas da Índia.
“Se você vai insultar todo o sobrenome Modi, isso é completamente difamatório”, disse Ravi Shankar Prasad, parlamentar do partido governista Bharatiya Janata (BJP), em coletiva de imprensa. “Houve uma audiência adequada. Ele teve a oportunidade de apresentar seu lado das coisas. A decisão foi tomada de acordo com o devido processo judicial.”
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O advogado de Gandhi, B. M. Mangukiya, disse que seu cliente não pretendia insultar ninguém. “Quando o magistrado perguntou a Gandhi o que ele tinha a dizer em sua defesa, o líder do partido do Congresso disse que estava lutando para expor a corrupção no país”, disse Mangukiya a repórteres fora do tribunal. “Seus comentários não tiveram a intenção de ferir ou insultar qualquer comunidade.”
Gandhi é filho, neto e bisneto de uma dinastia de ex-primeiros-ministros indianos, começando com o líder da independência, Jawaharlal Nehru. Ele tem lutado para desafiar a força eleitoral de Modi e seus apelos nacionalistas à maioria hindu do país.
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O líder da oposição da Índia foi saudado por apoiadores quando chegou ao tribunal para o veredicto nesta quinta-feira. Ele enfrenta pelo menos dois outros casos de difamação em outras partes do país.
Gandhi também está sob fiança em outro caso extenso, envolvendo lavagem de dinheiro. Ele nega qualquer irregularidade financeira.